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Blockchain e o fim de Bretton Woods

A arquitetura econômica dos Estados Unidos, e do mundo atual está intimamente conectada ao fato de como o dólar se tornou essa moeda global.

Os grandes volumes de reservas em ouro acumulados pelos Estados Unidos com o fim da segunda guerra mundial foram usadas não apenas para financiar a recuperação da Europa através do “Plano Marshall”, mas também, servir como moeda de referência nas operações do comércio mundial, já que não havia nenhuma outra moeda capaz de servir a esse mesmo propósito divido a envergadura da economia norte americana naquele momento.

A utilização do dólar, tanto como moeda de financiamento, como de compra e venda no comércio mundial, e também de consumo dentro do próprio território Norte Americano passou a representar um desafio.

Devido ao fato que o dólar passou a representar tantos papéis econômicos diferentes dentro e fora do território Americano, o resultado esperado teria sido um imenso processo inflacionário devido as necessidades de emissões para que a moeda dos Estados Unidos pudesse representar financiamento, compra e venda, além de moeda de reserva e poupança tanto para países como para os próprios Americanos, para além de qualquer um em qualquer parte do mundo.

Dois mecanismos foram usados como controle nas emissões de dólares: o estabelecimento de um padrão ouro de conversão, e o enxugamento dos acúmulos de moedas nas transações do comércio internacional através das emissões de bonos do tesouro Norte Americano (FED).

Os países não acumulavam, através desse estratagema, reservas em dólares, mas sim em títulos emitidos pelo Banco Central Americano (FED), o qual por sua vez controlava a quantidade da massa monetária dentro dos Estados Unidos, subindo ou descendo as taxas preferenciais desses mesmos títulos, recolhendo a quantidade necessária de dinheiro em circulação para evitar um processo inflacionário.

Podemos perceber que os Estados Unidos não acumulam reservas internacionais, pois que o dólar dentro dessa arquitetura financeira de Bretton Woods era a moeda de referência para as reservas monetárias dos países para trocas no comércio internacional com o próprio Estados Unidos.

Os Estados Unidos não apenas não acumulavam reservas dentro desse esquema financeiro, como também, passaram a ter necessidades imensas de emissões tanto dentro quanto fora de seu próprio território.

O Governo Norte Americano passou então a acumular tanto dívidas internas quanto títulos do FED que recolhiam os dólares que financiavam o comércio internacional e as reservas monetárias dos países.

Como os Estados Unidos não tem reservas monetárias, o Governo Americano financia seus gastos públicos com emissões monetárias trocadas imediatamente por títulos do FED, regulando a massa monetária através das taxas preferenciais de juros desses mesmos bônus.

Além disso, o FED (Banco Central) tem também que administrar um imenso fluxo de dólares provenientes do comércio internacional quando os países trocam imediatamente esses dólares resultantes por títulos do FED, devolvendo os dólares registrados em suas aduanas de volta para o sistema financeiro Norte Americano, ficando, em troca, com esses bônus alocados em um “portfólio” de investimentos, o qual está rigidamente conectado as políticas monetárias dos Americanos.

Esse “esquema” financeiro do dólar como moeda de financiamento, consumo e poupança tanto para os Estados Unidos quanto para o comércio internacional, resultou na “mágica” do “Plano Marshall” que recuperou a Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial em poucos anos através de vários “milagres econômicos”, tais como, o Alemão, o Italiano, o japonês, etc.

O padrão o ouro estabelecido para ser um “respaldo” de valor para o dólar tornou-se totalmente inútil devido as crescentes necessidades de emissões monetárias do Governo Americano tanto para se financiar internamente, quanto para fazer o girar o comércio internacional.

Em 1971, a administração Nixon eliminou o dólar como referência ao valor do dólar, que passou a “flutuar” de acordo com as taxas preferenciais de juros definidas pelo Banco Central Americano (FED).

Obviamente que esse “esquema” financeiro, definido pelo acordo de Bretton Woods em julho de 1944 nessa mesma localidade Americana, acabou generalizando a emissão de títulos fiduciários (em garantia) para além das necessidades do Governo Americano, mas também como instrumento de “capitalização” das empresas, que acabavam, desse modo, por financiar os mecanismos de salários, empregos e renda que faziam girar a roda da fortuna das economias locais e globais.

Com o passar do tempo desde 1944, esse esquema foi se tornando cada vez maior, uma imensa bola de neve que acabou por gerar não apenas emissões monetárias, mas também emissões de títulos fiduciários por parte dos governos (Bancos Centrais), por parte das empresas, através das ações no mercado bursátil, além do mercado de “derivativos” que precifica títulos e valores de quaisquer espécies, desde safras agrícolas até cheques (sem fundos).

Da mesma maneira que o ouro não podia seguir respaldando o dólar, o teto limite de endividamento do Governo Americano tornou-se uma abstração, que precisa ser constantemente modificado para financiar os imensos gastos públicos dos Americanos, e por assim dizer, do resto do mundo já que é o dólar que move o comércio internacional, respaldando as reservas monetárias dos países, e regulando produção e consumo através desse processo atual de globalização.

Esse problema da comoditização das moedas fiduciárias foram tremendamente agravadas, quando esse esquema que financiou originalmente a Europa arrasada pela guerra, foi usado para financiar uma imensamente pobre China Comunista de então, tornando-a em menos de 30 anos a segunda economia do mundo, seguindo de perto os Estados Unidos.

Isso agravou tremendamente o problema, já que a quantidade de títulos e moedas fiduciárias (em confiança), tanto em dólares quanto em moedas locais tornou-se um desafio, questionando-se a questão do dólar como instrumento de reserva do comércio internacional.

A magnitude das emissões fiduciárias, para financiar salários, empregos e renda com a entrada da China Comunista com 1,4 bilhões de habitantes nessa roda da fortuna da economia mundial, e ao mesmo tempo representar “valor” de reserva, produção e consumo tornou-se a principal questão econômica de nosso tempo.

Como definir um novo acordo de Bretton Woods para rejuvenescer esse obsoleto sistema financeiro respaldado no dólar de 1944?

As cripto moedas vieram para ficar, já que são de emissões rigidamente controladas por um teto limite fixo e imutável. Desse modo, a capitalização de recursos financeiros passa a ser operado dentro das transações realizadas no Blockchain, que em última análise geram as cripto moedas, as quais estão limitadas por um teto de emissões, representando transações comerciais e financeiras, gerando ao mesmo tempo moedas (digitais) e valores (não fiduciários). 22/01/2025

 
 
 

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