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A Exaustão do Regime Comunista Soviético_ Que Deus Salve a Rússia

Atualizado: 19 de fev. de 2021




O Modelo de Desenvolvimento Soviético

Quando no final da década de 1950, a antiga União Soviética lançou o primeiro satélite artificial no espaço, a comoção em todo o Mundo foi enorme e demonstrava que desde a Revolução Comunista de 1917, o crescimento da Rússia tinha sido espetacular e alcançará níveis semelhantes ao desenvolvimento industrial dos Estados Unidos iniciado no final de sua Guerra Civil por volta de 1870.


Então, o regime comunista Soviético tinha alcançado em apenas 43 anos algo semelhante ao que para os Estados Unidos havia levado 90 anos até 1960. Pode-se dizer que haviam, nessa altura, certas semelhanças profundas entre ambos os modelos de desenvolvimento industrial acelerado que mostravam no fundo resultados mútuos surpreendentemente virtuósos e de reconhecidos méritos, pendendo a balança nessa época bem mais favorável ao Comunismo Soviético Russo do que para o Capitalismo Estadunidense.


A partir de 1960, o planejamento centralizado da economia tipicamente comunista era visto inegavelmente por quase todos como a resposta para os países em via de desenvolvimento, e mais, que a militarização comunista consequente da sociedade era sem dúvida o futuro, estabelecendo-se um paralelo entre organizações militares, organizações partidárias comunistas, e a própria organização do Estado. As políticas baseadas nessa visão militarista de “Comando e Controle” da economia, a partir dos espetaculares resultados alcançados pelos Soviéticos em pouco mais de 40 anos, pareciam o remédio insuperável à pobreza e ao subdesenvolvimento.


A Crise do Modelo Soviético


A partir de 1960, o comando militarizado da economia centralizada começa a presentar problemas, e a pesar do quase absoluto controle dos planejadores públicos soviéticos não se conseguia esconder a ineficácia das políticas de preços que se recusavam a se comportar como o esperado por seus modelos.


O descompasso entre a oferta a demanda e as consequentes políticas monetárias que regulavam, no final das contas, juros e inflação, exatamente como no capitalismo, começaram a divergir significativamente do esperado apesar do aparente e quase absoluto controle que as políticas de comando militarizado comunista tinham sobre os agentes econômicos, tais como, para as famílias e o governo.


A despeito do poder que os planejadores públicos Soviéticos Russos tinham sobre a economia, o comportamento dos agentes econômicos deteriorava-se ano a ano para apresentar crescimento negativo não apenas nos processos econômicos, mas também, nos processos sociais e políticos.

Estava claro para os Comunistas Russos que a Revolução tinha perdido o entusiasmo a partir de 1960, quando do auge da União Soviética frente a corrida espacial. Esse comportamento aparentemente contraditório confundia sobremaneira o planejador público dessa época e a pergunta era: o que é que estava acontecendo, e qual seriam os remédios adequados para corrigir essas distorções.


Nasceu dessa forma, na percepção do planejador comunista soviético de que de fato a Revolução tinha alcançado um certo auge por volta de 1960 e que a partir de então iniciava um lento mais seguro processo de decaimento, refletindo uma certa perda de entusiasmo através de toda sociedade russa, quer seja nos processos econômicos, quer seja nos processos políticos e sociais, apresentando crescimento econômico negativo não apenas para a economia, mas também, para o crescimento populacional, produção industrial e para quase todos de seus processos relacionados.


A Perda de Entusiasmo da Revolução e a Crise de 1929


A questão sobre o que realmente estava se passando dentro do Regime Comunista Soviético permanecia elusivo, aguardando uma explicação científica e a definição de uma política que viesse a corrigir esses problemas e suas distorções. A explicação científica acabou vindo, porém, ela não serviu de modo algum para a definição de uma política corretiva ou de remédios eficazes.


Todos os procedimentos científicos possíveis, a partir da análise exaustiva de dados através das mais modernas técnicas matemáticas e computacionais foram usadas ao longo de toda a década de 1960 e 1970, apenas para reafirmar que todos os processos de desenvolvimento econômico, sociais e políticos da Revolução Soviética tinham atingido um pico em 1960 e que desde então haviam iniciado um processo inexorável de decaimento.


E mais, de que não haviam medidas corretivas possíveis que pudessem alterar esse decaimento apesar do controle quase que absoluto que os planejadores públicos comunistas tinham por sobre a sociedade soviética. E a questão permanecia elusiva sobre o que é que estava causando esse decaimento de forma tão inexorável.

O fenômeno foi tão surpreendente que a despeito da guerra fria em vigor o problema foi compartilhado como os Norte Americanos, quando então veio à baila a investigação encomendada pelos governos militares Estadunidenses do pós guerra sobre a crise de 1929, que havia concluído que a causa principal da depressão econômica de então tinha sido as apostas excessivamente altas com epicentro no mercado acionário de Wall Street.


Percebeu-se, então, de que havia uma forte correlação entre a crise de 1929 e o decaimento acelerado do regime comunista Soviético. E de que, se para o sistema capitalista Norte Americano o epicentro tinha sido as apostas excessivamente altas a partir de Wall Street. No caso soviético, essas apostas excessivas eram representadas pela imensa quantidade de dinheiro fiduciário (Fiat Money) que havia sido lançada na economia; e que esse fato havia sido o responsável pelo tremendo impulso experimentado desde 1917 até 1960 na economia Soviética; e, ainda mais, que após a Segunda Guerra Mundial, quando no afã das competições acirradas da Guerra Fria, uma quantidade ainda maior de dinheiro havia sido lançada na economia soviética, promovendo um espetacular crescimento que atingiu seu auge em 1960 para logo em seguida se desvanecer.

Mudança de Rumo na Rússia


Ainda que a pesar de rigidamente controlados pelos planejadores públicos soviéticos, esses recursos monetários haviam gerado apostas imensamente altas por sobre todo o processo de desenvolvimento industrial soviético, o qual, a partir de 1960 tinha atingido seu auge e iniciara desde então um inexorável processo deflacionário que levaria, em última análise, à morte do próprio sistema.


A partir dessas análises, a sociedade russa toma outro rumo. O Sistema Comunista Soviético é desmontado e a Rússia renasce com outras premissas que viriam a alterar fundamentalmente o funcionamento de sua sociedade, agora apenas Russa e não mais Soviética.

Pau na Máquina Capitalista


Para o Regime Capitalista Norte Americano a história se repete, saindo aparentemente vitorioso da guerra fria, reafirma a virtuosidade e os méritos mais do que óbvios de seu sistema, empreendendo, a partir da Administração Reagan, políticas de apostas excessivamente altas do mais do mesmo e “pau na máquina” capitalista.


A partir de 1989, a escalada dos preços do petróleo passa a ser conjugada com a transferência massiva de recursos industriais dos Estados Unidos em direção à China Comunista. E desde então, a história realmente se repete. Se tomarmos como base 1980, a economia Chinesa cresceu até atingir, digamos arbitrariamente em 2020, a impressionante cifra de 18 trilhões de dólares.


Aquilo que os Estados Unidos tinham acumulado desde 1870 ou seja 150 anos; a China Comunista logrou alcançar em apenas 40 anos. Em 2008, esse processo de desenvolvimento acelerado, digamos arbitrariamente que havia começado em 1870 nos Estados Unidos, atingiu seu auge e inicia, exatamente como no caso da economia Comunista Soviética, uma escalada de exaustão deflacionária de seus processos para baixo.


Novos Paradigmas: “In God We Trust”


A partir do fim do Regime Soviético, a sociedade Russa muda de paradigma, optando, em vez de um crescimento acelerado e contínuo, por uma outra visão que privilegia a estabilidade. Essa visão de estabilidade nos processos de desenvolvimento econômico russo, resgata sua história e percebe o valor da religião como parte integrante do desenvolvimento social que vai mais além dos processos racionais-legais.


Assim, “não matarás”; “não furtarás”, não cobiçará a mulher do próximo” etc., compõem leis morais por sobre aquelas escritas pelo Estado Racional-legal para inspirar uma sociedade mais estável e crente em valores mais permanentes numa conjugação do moral e do legal.


Para essa visão de desenvolvimento que foca na estabilidade social, a família torna-se o centro da questão social, quando os filhos são criados por pai e mãe e não mais em creches.


Emprego passa a ser parte da promoção social para criar um lar compartilhado aonde de fato habitam uma mesma casa o pai e a mãe, os quais, não estão mais fora o dia todo trabalhando, deixando os filhos numa creche. A casa volta a ser um lar habitado ao longo do dia e não mais apenas um hotel para passar a noite.


A militarização das sociedades, quer sejam comunistas ou capitalistas, é substituída pelo resgate dos valores humanos que verdadeiramente nos impulsionam através da história; Deus e a família. Exatamente como no caso da Rússia de hoje.

Pelo professor Ricardo Gomes Rodrigues


São Carlos, SP, Brasil


8 de fevereiro de 2021


 
 
 

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