As Maravilhas do Mágico de “Agro-Óz”
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 22 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de fev. de 2021

O Mágico de Agro-Óz
A questão aqui é a capacidade de se gerar mais produção quando comparada à capacidade de se gerar mais empregos.
As "maravilhas" da tecnologia do agronegócio tão propalada pela mídia corporativa do complexo Estadão-folha-Globo não estão afetando a capacidade de se gerarem mais empregos, mas pelo contrário estão diminuindo.
Esse efeito multiplicador do emprego-salário-renda está intimamente ligado à produção em massa de bens de consumo, já que é exatamente esse processo industrial que afeta diretamente salário emprego e renda num efeito encadeado virtuoso, que na medida em que se aumenta a produtividade, aumentam-se os salários e consequentemente a renda, gerando com isso mais empregos.
O mercado de capitais expressa esse efeito benéfico e cresce, assim, todos ganham, gerando renda a partir de um processo de industrialização que aumenta o tamanho da classe-média e do próprio mercado.

Os efeitos benéficos do agronegócio, por estarem no início da cadeia produtiva, não geram benefícios encadeados nessas mesmas proporções e intensidades, já que não estão ligados diretamente à produção de bens de consumo, tais como, geladeiras, automóveis, vestuários, os quais geram empregos em larga escala, alimentando o efeito virtuoso encadeado com mais salário, emprego e renda.
A contribuição do agronegócio à geração de empregos é limitada e estanque, uma vez que está contida no início da cadeia produtiva; por mais avançadas que sejam as tecnologias que usem nesses processos não geram efeitos encadeados multiplicadores em larga escala nas etapas seguintes da cadeia produtiva, pois que não são produtos de consumo, mas sim comodities, e o nome desse tipo de mercado explica tudo.
A capacidade do agronegócio em gerar divisas está intimamente ligado a incapacidade do processo de industrialização em gerar mais produção, aumentando os salários, os empregos, a renda, e consequentemente o tamanho da classe-média, ou seja, o próprio mercado de consumo.

Estamos, portanto, diante de um processo vicioso que na medida em que se produz desindustrialização, diminui o mercado de consumo e o tamanho da classe-média, não obstante, gerando mais divisas, já que as importações de bens de consumo diminuem; aumentando com isso as exportações de comodities do agronegócio.
O Desemprego e a Desindustrialização
Como consequência a economia Brasileira passa a gerar PIB (Produto Interno Bruto) mas não empregos na mesma proporção. Aumentos de produtividade ficam circunscritos ao aumento dos processos de automação, empurrando os empregos em duas direções distintas.
Uma em direção aqueles que podem, sendo uma minúscula minoria, e que investem em trabalhos mais especializados de alta produtividade, aumentando seus salários e rendas vertiginosamente, principalmente nas áreas de alta tecnologia e financeira. Gozam de planos de saúde, benefícios sociais e empregos mais estáveis.

Os outros são aqueles que não podem, sendo a imensa maioria, e que saem de um ensino público sucateado sem capacidade de investirem em outros trabalhos que não aqueles de baixa produtividade, conseguindo, quando conseguem, empregos de segurança de shoppings e supermercados, atendentes em lojas, camareiras em hotéis ou, ainda, em serviços gerais.
Gozam de poucos benefícios sociais, restritos a cestas básicas e outras políticas compensatórias. E esses empregos tão rápido contratam despedem, gerando incertezas e instabilidade social.
No Fim do Arco-íris
As áreas beneficiadas pelas maravilhas do Mágico de “Agro-Óz” são invariavelmente de baixas densidades econômicas e populacionais em meios urbanos de pouca expressão. Por outro lado, 119 milhões de Brasileiros vivem em 80 Regiões Metropolitanas ou Aglomerações Urbanas de altas densidades populacionais, mas agora, devido a esse imenso processo de desindustrialização estão sujeitos a uma baixa na densidade econômica dessas regiões, gerando com isso 30 milhões de desempregados ou subempregados, o que no caso do Brasil significa quase que a mesma coisa.
Nossa preocupação mais do que urgente é essa: como definir políticas públicas capazes de gerarem empregos em massa com o objetivo de diminuir esses 30 milhões de brasileiros sub/desempregados que vivem nessas regiões críticas do país.

A região do agronegócio como é de baixa densidade, portanto, não é tão afetada por essa problemática, achando com isso que estão morando no fim do arco-íris.
Agora, 119 milhões estão fora desse mundo mágico de "Agro-Óz”, dependendo de empregos improdutivos e sem esperança de aumento na produtividade e, portanto, no salário ou renda. Sem industrialização não há classe-média, apenas o mundo mágico do "Agro-Óz" de desempregados que não alcançam o fim do arco-íris.
Essa conversa fiada neoliberal está não apenas esgotada, mas agora está rapidamente esgotando a paciência do Brasil com mais desse mesmo besteirol de sempre de privatizações, reformas de não sei o quê, afundando a cabeça nesse buraco de avestruz em que estão metidos, parecendo-se, a cada dia mais, com uma rã na panela que ao não perceber que a água começa a ferver, não conseguem pular fora antes que seja tarde demais.
A Volta da Substituição de Importados e A Rã Neoliberal
Não há como fugir à volta das políticas de substituição de importados e isso vai ser uma boa briga. Vivemos numa situação de emergência social, que nem todo o exército desses Generais Brasileiros será capaz de conter.
Não podemos continuar assistindo o triste espetáculo de ver aumentar o número de brasileiros da antiga classe-média, vendendo quinquilharias industriais yankees produzidos na China Comunista nas ruas das cidades brasileiras, enquanto o número de indústrias diminui.

Esses neoliberais continuam raspando o tacho, enviando o que ainda resta das indústrias brasileiras para se transformarem em empregos industriais chineses, restando-nos os subempregos de camelôs.
A volta da substituição de importados geraria de imediato mais empregos, retirando camelôs das ruas, trazendo empregos de volta para o Brasil, retirando-os da China Comunista.
Ao não perceberem a gravidade da situação social em que vivemos no Brasil atualmente, essas elites de Generais Brasileiros, do complexo Estadão-Folha-Globo e do modelo político Covas-Dória, correm o risco de perderem a cabeça, literalmente, nesse labirinto que se tornou essa política nacional da rã neoliberal.

Pelo Professor Ricardo Gomes Rodrigues
São Carlos, SP, Brasil
22 de fevereiro de 2021
Vejam também o artigo que escrevi já há algum tempo:
Salário emprego e renda no Brasil
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