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As Questões Ambientais e As Zonas de Exclusão

Atualizado: 16 de out. de 2020


O Sistema Relevo-Clima do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina


Na medida em que, a partir da Região Sudeste em São Paulo, nos movemos em direção à Região Sul do Brasil, o relevo do país vai mudando de sentido e orientação, seguindo as mesmas estratégias de análises do sistema relevo-clima já apresentado em outros artigos.


Essas mudanças, referem-se a como as bacias hidrográficas dos rios Paraná, Uruguai e do Paraguai esculpem o Planalto Brasileiro de maneiras diferenciadas devido às sutis diferenças climáticas, as quais, afetam uma região ou outra e, ainda, como as linhas de erosão e da própria orientação geográfica do relevo contribui para essas alterações.

As influências mais significativas sobre o relevo da Região Sudeste, notadamente no Estado de São Paulo, são exercidas pela bacia do rio Paraná definido, mais especificamente, pelos limites de seus tributários, tais como, rio Grande, ao norte, Tietê e Paranapanema ao sul, escavando a Depressão Periférica Paulista e sedimentando a bacia do Paraná. Em direção ao Estado do Paraná, as influências do rio Paraná são, também, bem definidos pelos seus tributários, tais como, rio Tibagi ao norte, Iguaçu e Negro ao sul na fronteira de Santa Catarina.


A partir dos limites estabelecidos pelos rios Iguaçu e Negro na fronteira Catarinense, essas características típicas da bacia do rio Paraná de clima quente e úmido vão sutilmente se alterando, não apenas por questões climáticas, mas também, pela influência da bacia do rio Uruguai e de seus tributários, os quais, definem aspectos diferenciados de como o relevo da região sul é esculpido desde Santa Catarina até o Rio Grande do Sul.


As Análises do Sistema Relevo-Clima Aplicadas à Região Sul do Brasil


Seguindo essa estratégia de análise do sistema relevo-clima, já apresentadas em artigos anteriores, o relevo da Região Sul do Brasil, como desde de a Região Sudeste, é também esculpido por linhas de erosão bem representadas pela ação dos rios, os quais, por sua vez são resultados de ações climáticas que afetam significativamente o Brasil desde a serra da Mantiqueira até a Lagoa dos Patos.


Como já comentado antes, as linhas de instabilidades atmosféricas nos limites do Trópico de Capricórnio batem forte ora sobre a baixada santista, ora sobre o planalto se São Paulo, e ora sobre a serra da Mantiqueira. Essas linhas de instabilidade afetam diferenciadamente os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pois que outros componentes atuam, criando condições atmosféricas diferenciadas. Se em São Paulo precipitações constantes ao longo das erras geológicas escavaram a depressão periférica, dando a esse Estado um posicionamento geográfico preferencial no sentido sudeste-noroeste. A partir dos limites, aproximados, dos rios Iguaçu e negro, essa orientação move-se suavemente na direção nordeste-sudoeste.


As condições atmosféricas que incidem sobre São Paulo, aliados ao clima quente-úmido da bacia do rio Paraná, na região sul, principalmente a partir de Santa Catarina passa a sofrer influência da bacia do rio Uruguai ao sul desse Estado, influenciando significativamente todo Rio Grande do Sul.


As condições climáticas do rio Uruguai estão mais sob influência da bacia do Prata, a qual é definida significativamente pelos rios Paraguai e Paraná com verões quente, mas invernos frios e igualmente úmidos, definindo, além disso, o relevo de sedimentação dos pampas Argentinos e Uruguaios.


Essas influências da região do Prata, definem as condições climáticas do Rio Grande do Sul e de seu relevo como extensão das mesmas condições que afetam as pampas úmidas argentinas, atuando nas bordas do planalto brasileiro. Dessa forma, não apenas o Estado do Rio Grande do Sul, mas também, parte de Santa Catarina recebem influência significativa da bacia do rio Uruguai e das consequentes condições climáticas de toda a bacia do rio da Prata.

As consequências dessas influências, esculpem o relevo do Sul do Brasil em duas frentes pelo litoral, embora não tão fortes como sobre o Estado de São Paulo, e outra pela região oeste do Rio Uruguai, escavando a serra do mar por de trás, criando o planalto gaúcho desde levemente ondulado até as campanhas gaúchas.


Considerações sobre o Relevo do Rio Grande do Sul


Como o Estado do Rio Grande do Sul, por um lado, pode ser considerado como uma extensão das condições climáticas das pampas úmidas argentinas atuando nas bordas do planalto brasileiro, por outro, ele tem um litoral característico, definido pelos avanços e retrocessos dos níveis dos oceanos, os quais, são produtos das diversas eras glaciais por que tem passado o planeta.


Essas influências, definem três condições básicas na formação de relevo do Rio Grande do Sul: o planalto gaúcho levemente ondulado, a campanha gaúcha plana, entrecortada por restos do planalto erodido, e pela formação da região lacustre ou lagunar de seu território pelas lagoas Mirim e dos Patos e, ainda, pela estreita planície marinha desde Osório, Torres até Criciúma, já em Santa Catarina.


O Planalto Gaúcho levemente ondulado tem seus limites a partir do município de Vacaria, seguindo-se o curso do rio Uruguai ao norte com a fronteira de Santa Catarina, até atingir-se São Borja na fronteira Argentina. Nesse percurso, o planalto vai lentamente sendo alterado para se tornar a campanha gaúcha, a qual, compartilha características com a pampa úmida argentina.


A partir de São Borja, a campanha gaúcha predomina em direção à Rosário do Sul pelo vale dos rios Ibicuí para Uruguaiana, e o rio Santa Maria para Dom Pedrito, a partir daí, para Bagé pelo rio Negro, em direção ao sul, para o Uruguai e, ainda, em direção ao município de Santa Maria (direção noroeste-sudeste desde São Borja) até atingir Pelotas e o porto de Rio Grande mais ao Sul e Porto Alegre (lagoa dos Patos), a oeste, pelo vale do Rio Jacuí.


Essa sucinta descrição acima explica parte da complexidade do relevo do Rio Grande do Sul, definindo-o em quatro movimentos de linhas de erosão, seguindo-se as canaletas dos rios que os formam. O primeiro movimento, em direção a bacia do rio Uruguai desde Vacaria, Passo Fundo até São Borja e de lá para Uruguaiana, Rosário do Sul, Dom Pedrito e Bagé. O Segundo movimento, a partir do planalto divisor do município de Chapada, ao sul de Palmeira das Missões, segue-se o curso dos rios Jacuí-Mirim e Jacuí até Porto Alegre (lagoa dos Patos). O terceiro movimento, a partir do município de Santa Maria, seguindo o curso do rio Vacacaí até Porto Alegre (lagoa dos Patos), ou em direção à Pelotas e o porto de Rio de Grande (lagoa dos Patos e Mirim através do canal de São Gonçalo em Pelotas). O quarto movimento a partir de Lajeado Grande, seguindo o curso dos rios dos Sinos, Caí-Antas e Taquari através das serras gaúchas, escavando esse planalto enrugado em direção a Caxias do Sul e Novo Hamburgo até atingir-se a vale do rio Jacuí para Porto Alegre (lagoa dos Patos).


O Impacto do Sistema Relevo-Clima no Plano Viário Nacional


O planejador público brasileiro ao definir o Plano Viário Nacional, sem dúvida considerou as complexidades do relevo gaúcho, estabelecendo-se com isso um eixo viário básico fazendo conexão entre a BR-285, a BR-287 e a BR-392. Essas três rodovias replicam as considerações sobre o sistema relevo-clima do parágrafo anterior, estabelecendo uma ligação entre as planícies marinhas quaternárias em Santa Catarina com o planalto gaúcho em Passo Fundo até atingir a campanha gaúcha em São Borja, abrindo possibilidades para utilizar-se o porto de Imbituba através da BR-101 (ver vídeo de Florianópolis à Passo Fundo em: https://youtu.be/AWgTSzX3wbU )


A BR-285 faz uma declinação suave, passando do planalto para a campanha gaúcha até conectar-se com a BR-287 em direção ao município de Santa Maria, o qual, exerce um papel pivô, articulando a subida de volta ao planalto pela BR-158 em direção ao município de Cruz Alta. Esse papel de pivotar sobre o relevo gaúcho cria uma alternativa importante para toda a região da campanha gaúcha, a qual, de outro modo teria que subir pela BR-116 através da encrespada serra gaúcha a partir de Novo Hamburgo e Caxias do Sul (ver vídeo de Passo Fundo até Santa Maria em https://youtu.be/ViYbIPm4J8w ).


A partir de Santa Maria, conecta-se à BR-287 pelo vale do Rio Jacuí até o município de Novo Hamburgo na região Metropolitana de Porto Alegre ou, ainda, se conecta com a BR-392 até Pelotas e o Porto de Rio Grande, atravessando o relevo divisor formado pelo triângulo São Gabriel – Porto Alegre -Pelotas – Rio Grande – São Gabriel, definido como parte da bacia lacustre da lagoa dos Patos e Mirim (ver vídeo de Santa Maria ao Chuí em: https://youtu.be/qQKHNkENVWw ).


Dessa forma, todo o Estado do Rio Grande de Sul ficaria com duas conexões portuárias: uma ao norte até Imbituba em Santa Catarina e outra ao sul pelo porto de Rio Grande. A partir de São Borja, as distâncias são aproximadamente em torno de 700 km para cada ligação. Essas duas conexões portuária através da BR-285, BR-287 e BR-392 criariam maiores possibilidade de se trocar carga, fretes e contratos comerciais de exportação e importação entre todos os municípios do Rio Grande do Sul importante área do agronegócio brasileiro.


As Questões Ambientais e As Zonas de Exclusão


Condições ambientais adversas e alienígenas desde fora do Brasil, impuseram o bloqueio da BR-285 passando através da serra geral em direção a Araranguá na BR-101, seccionando um trecho de 30 km deixando todo o Estado do Rio Grande do Sul severamente limitado logisticamente. A alternativa a essa conexão entre a BR-285 até o porto de Imbituba pela serra geral é utilizar-se da BR-116 até a BR-470, cortando a Serra de Itajaí até o porto de Itajaí, aumentando substancialmente o percurso e, mais, passando-se por quase 150 km de relevo extremamente encrespado em vez dos apenas 30 km pela serra geral em direção ao município de Araranguá.

A questões ambientais devem considerar o sistema relevo-clima, assim como, condições socioeconômicas, de outra maneira, servem como instrumento de atraso e imperialismo cultural disfarçado, criando-se zonas de exclusão aonde brasileiros estão proibidos de entrar por ordem do governo norte-americano.


Prof. Ricardo Gomes Rodrigues




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