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Aspectos Geológicos da Erosão e Sedimentação na Região Metropolitana de São Paulo

A diferença entre o ponto mais alto no Pico do Jaraguá, e o ponto mais baixo no terminal de ônibus do Parque Dom Pedro, demonstra claramente como através de eras geológicas o relevo do Planalto Paulista tem sido severamente modificado.

Essa diferença demonstra que num tempo geológico passado essa região toda foi possivelmente coberta por maciços, e picos montanhosos que competiam com as proporções do atual Pico do Jaraguá. O que aconteceu então?

O posicionamento geológico da Região Metropolitana de São Paulo, no ponto em que está na linha do trópico de Capricórnio, talvez a uns 10 milhões de anos atrás, passou a receber uma grande e constante carga de chuvas, que lentamente erodiu e sedimentou essa região, abrindo uma imensa brecha entre o Pico do Jaraguá e o Parque Dom Pedro na capital Paulista.

Depois do fechamento do Ístimo do Panamá, e o choque da placa tectônica Sul-americana contra a de Nazca, formou-se não apenas as imensas bacias Amazônica, e dos Rios Paraguai e Paraná, como também, a do Rio Orinoco ao norte na Venezuela, ficando a Amazônia imprensada entre os Andes e o Maciço das Guianas.

Esse fenômeno geológico nos posicionou aqui no Brasil exatamente no meio de um grandes ciclo de perturbações atmosféricas, que corre o Planeta Terra ao longo da linha do Equador, provocando chuvas de monções, na América do Sul, Índia e China, resultando nos grandes rios Amazonas, Gandhi e Yangtzé.

A Região Metropolitana de São Paulo, ao ficar muito próxima dos limites da região tropical e subtropical, acabou por sofrer perturbações atmosféricas em várias frentes, através do corredor úmido desde o Acre, através do choque entre a massa de ar quente do Planalto Central e a fria vindo da Patagônia, como ainda recebe frentes chuvosas desde o Oceano Atlântico, que precipita ora no planalto Paulista, ora na Baixada Santista causado pelas escarpas da Serra do Mar.

Ao longo de provavelmente 10 milhões de anos de chuvas constantes por sobre o Planalto Paulista, o relevo mais frágil foi erodido, abrindo uma grande área de sedimentação a partir dos rios Pinheiros, Tietê, Tamanduateí, além da formação de um grande número de pequenos córregos e riachos, que foram escavando o relevo dessa área desde o Pico do Jaraguá até o Parque Dom Pedro, deixando para trás como memória geológica passada, os restos do complexo maciço da Paulista, que podemos considerar que vai do Pátio do Colégio até a Estação Jabaquara do Metrô na zonal Sul, subindo pelas ruas Higienópolis, Consolação, desviando-se na Doutor Arnaldo em direção ao Bairro de Pinheiros, ou ainda, descendo a Avenida Duque de Caxias em direção a Cruzeiro do Sul, deixando como marcas visíveis de seus limites as diferenças de altitude entre o viaduto do Chá e o vale do Anhangabaú.

O maciço da Mantiqueira de formação rochosa ígnea mais rígida tem resistido a essa erosão, e também vem contribuindo para acelerar esse processo, na medida em que suas escarpas acabaram por servir de anteparo para as chuvas constantes que se abatem ciclicamente sobre essa região, escoando um grande volume de água que alimenta as áreas de inundações dos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí.

Uma análise mais detalhada do processo de deformação do relevo da cidade de São Paulo, e podemos observar como se formaram sub bacias de contenção de água de chuva, resultando num relevo de grande complexidade, sujeito a inundações que variam de bairro a bairro, de região para região.

Desde a Avenida Brasil, no bairro do Jardim Europa, subindo pela Avenida Rebouças, pode-se perceber a diferença de declividade do terreno nessa área, quando comparado com um roteiro paralelo próximo desde a rua Estados Unidos, subindo pela íngreme ladeira da rua Augusta.

Essa descrição demonstra as irregularidades na declividade do terreno ao longo das escarpas do maciço da Paulista, caminhando-se do Colégio São Luís um direção ao entroncamento da Rebouças, Paulista, Consolação e Doutor Arnaldo, desde a região dos Jardins em direção ao bairro de Pinheiros.

O atual entrocamento entre a Rebouças Consolação, Paulista, e a Avenida Doutor Arnaldo, é resultado de grandes obras públicas na administração Faria Lima na década de 1960, que remodelou o meio urbano viário de São Paulo, criando a Avenida Rebouças, que tem sua continuação imediata na rua da Consolação que foi alargada para esse fim, formando uma via que desce em direção à Igreja da Consolação, conectando os bairros dos Jardins e Pinheiros com a região Central até o Teatro Municipal já nas bordas do Vale do Anhangabaú.

Nesse ponto de interseção do que se convencionou chamar de “início” da Avenida Paulista, o trevo formado fraturou o antigo relevo divisório que existia, e que limitava a sub bacias da Paulista, de Pinheiros e a da região do Centro da cidade.

Isso significa que a região de contenção de águas nessa região modificou-se redistribuindo cargas pluviométricas em direção ao Estádio do Pacaembu já no vale formado pela Avenida Pacaembu em direção a Barra Funda.

Parte dos constantes alagamentos no Pacaembu talvez se deva a esse complexo viário; já que transformou o estádio num ponto mais baixo desde o mirante da Avenida Paulista, captando água que eventualmente vem dos Jardins e Pinheiros, e direcionando uma grande carga pluviométrica para Avenida Sumaré nos limites dos bairros de Pinheiros e Pacaembu.

A construção de Estações de metrô criam pequenas sub bacias que vão remodelando o escoamento de águas pluviais ao longo de toda a cidade, eventualmente direcionando grandes volumes para pontos que criam bolsões de inundações devido aos desníveis no terreno urbano na cidade de São Paulo, a partir da erosão do maciço da Paulista e a sedimentação das bacias hidrográficas de Pinheiros, Tietê e Tamanduateí.

Essa descrição acima demonstra como o combate a enchentes na cidade de São Paulo tornou-se um desafio, na medida em que a cidade cresceu dos 2,5 milhões de habitantes em 1950, até atingir os atuais 20 milhões em sua Região Metropolitana intensamente cornubada. 29/01/2025

 
 
 

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