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O Sistema Relevo- Clima e o Plano Viário Nacional

Atualizado: 17 de mar. de 2022







No Rastro da Serpente

O termo “Rastro da Serpente” é usado por um grupo de aficionado do ecoturismo para designar a rota rodoviária que vai de Morretes no Paraná até Apiaí em São Paulo, passando pela “Via Graciosa” (PR-408) e pela famosa BR-476.

Entretanto, sob o ponto de vista do Plano Viário Nacional a BR-476 é parte de um plano muito mais elaborado, o qual, em conjunto com a BR-373 faz uma importante conexão entre Dionísio Cerqueira em Santa Catarina até Piracicaba no Estado de São Paulo.

Os objetivos dessa ligação, que é parte da rota principal da BR-373, é estabelecer uma coerência entre as diferentes formas de relevo e clima entre o Sul e o Sudeste do Brasil. Essa coerência estabelece uma rota que normaliza os desníveis de terreno os quais historicamente tinham sido um empecilho a penetração e consequentemente ao desenvolvimento dessa região.

O Sistema Relevo-Clima

O Plano Viário Nacional tem como objetivo integrar as diferenças de relevo entre as diversas regiões do país, normalizando-os através de um sistema de estradas de rodagem, as quais, passam a facilitar o desenvolvimento e a integração das diferentes regiões do Brasil.

A estratégia básica para se atingir esses objetivos é a definição de uma série de premissas que levem em consideração as causas da acidentalidade do relevo nacional e produzindo, dessa forma, uma visão integrada de causas e consequências no planejamento viário do país.

As premissas básicas que explicam a acidentalidade do relevo nacional é o “Sistema Relevo-Clima”, definindo relevo como consequência do clima e vice-versa. Então, o sistema viário normaliza, integra e dá continuidade a uma sequência lógica de como o relevo brasileiro tem sido formado ao longo das eras geológicas para compor um panorama onde o clima explica o relevo e o sistema viário nacional lhe fornece uma certa lógica de continuidade em meio a sua acidentalidade. O sistema de estradas no Brasil, dessa forma, dá continuidade aos diversos fenômenos do relevo nacional, o qual é consequência das condições climáticas que o originaram.

A BR-373

No caso específico da BR-373, objetivo é integrar a acidentalidade do relevo nacional desde a região da Bacia do Paraná em Dionísio Cerqueira em Santa Catarina até a Depressão Periférica de São Paulo em Piracicaba, passando pelos Planaltos de Ponta Grossa, Curitiba, assim como, pela Serra do Mar.

Para se atingir esses objetivos, o entendimento que se dá a essa questão, aplicando-se o conceito sistema-relevo acima mencionado, é de considerar a Depressão Periférica, no Estado de São Paulo, como um fenômeno contínuo que se estende desde o Rio Grande entre São Paulo e Minas até o Rio Iguaçu nos limites do Estado do Paraná e Santa Catarina, e é resultante das constantes instabilidades atmosférica permanentemente estacionada na altura da Baixada Santista, próxima do Trópico de Capricórnio, dentro da linha de choque entre os ventos frios da Antártica e o ar quente dos trópicos.

Ao longo das eras geológicas as chuvas constantes que precipitam desde Itajaí em Santa Catarina até o Rio de Janeiro batem com força principalmente sobre o litoral Paulista ora sobre a Baixada Santista, ora sobre o Planalto Paulista e, ainda, ora sobre a Serra da Mantiqueira. Esses fenômenos erodiram as Serra do Mar (Embasamento Cristalino) criando uma Depressão (Periférica) desde o Rio Grande ao Norte até o Rio Paranapanema ao sul. Essa depressão tem sido escavada por esses rios em conjunto com Rio Tietê para formar a bacia de sedimentação do Rio Paraná.

As chuvas que aplainaram a Depressão Periférica de São Paulo e os Planaltos do Rio Paraná, atingiram também o Estado do Paraná, escavando igualmente o relevo da Serra do Mar para criar os Planaltos de Curitiba e Ponta Grossa. Assim como, em São Paulo a depressão periférica tem sido escavada principalmente pelos Rios Pardo, Mogi-Guaçu, Tietê e Paranapanema, no Estado do Paraná os Rios Tibagi, Iguaçu e Negro tem provocado efeitos semelhantes ajudando a erodir Ponta Grossa e Curitiba.

Então, sob o ponto de vista do sistema relevo-clima a Depressão Periférica Paulista é uma linha de descontinuidade no relevo nacional do sudeste-sul que vai desde o Rio Grande até os Rios Iguaçu e Negro, provando efeitos semelhantes de erosão, criando “cuestas” ao longo desse percurso onde o embasamento cristalino oferece maiores resistências. Como consequência essas irregularidades impõem em alguns casos severa dificuldades de penetração no território devido aos constantes declives com severas linhas de erosão, entrecortadas por planaltos desde bem alisados (Depressão Periférica Paulista) até bastante encrespados como a região do Alto Rio Ribeira de Iguape, justamente o trecho cortado pela BR-476, criando-se curvas severas de raios curtos, restringindo-se a velocidade média do trafego de veículos.

O Efeito Normalizador das Rodovias

Diante dessas considerações sobre o sistema relevo-clima do Plano Viário Nacional desde São Paulo, Paraná até Santa Catarina, a BR-373 passa ser um elemento que ”regulariza” os efeitos da acidentalidade do relevo da região facilitando o tráfego de veículos, mercadorias, pessoas e, portanto, promovendo o desenvolvimento integrado desses Estados do Brasil. As linhas de irregularidade do relevo, provocadas pelo clima encontram na BR-373 um elemento que os une desde a fronteira da Argentina, em Dionísio Cerqueira, até a região de Piracicaba e Campinas no interior paulista, sendo uma rota alternativa para o comércio do Mercosul.

Embora não totalmente exploradas, outras possibilidades que as conexões do conjunto BR-373 e BR-476 podem oferecer afetam as ligações entre Curitiba e o resto do pais já que serve como alternativa à congestionada BR-116, abrindo, também, possibilidades de se aumentar o mercado de cargo aéreo entre os Aeroportos de Viracopos em Campinas e Afonso Pena em Curitiba.

Prof. Ricardo Gomes Rodrigues




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