Os Limites do Complexo Industrial Militar
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 19 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
O desenvolvimento da sociedade industrial criou a ideia de que a economia era, ou poderia ser, uma ciência como a física e a matemática. O desenvolvimento industrial evoluiu para esse imenso complexo industrial militar nessas premissas de que o mundo a nossa volta pode ser “explicado” pelo método científico, analisando causas e consequências, estabelecendo-se premissas que em última análise provam, ou não, teorias e a própria ciência.
A Crise atual que passamos no mundo põe em cheque não só essas premissas, mas também o próprio desenvolvimento industrial, levando a essa crise imensa do complexo industrial militar que é, em última análise, o que nos move: a ciência que explica o mundo a nossa volta. Então, a economia é uma ciência baseada em teorias tão bem estruturadas como explicada pelas ciências, capaz de gerar teses de mestrado e doutorado.
A economia como ciência social patina nas teorias quando as coisas vão mal, e se dá muito bem quando as coisas vão bem e tendem ao um certo equilíbrio, que é a ideia que move a economia como ciência de que existe um equilíbrio a ser atingido quando então os “fatores” econômicos, que são de origem social, caminham para a estabilidade e o equilíbrio.
A crise que vivemos põe por terra essas idéias de que existe ciência social que caminha para um certo equilíbrio e, portanto, estabilidade. Esse conceito é o que tem movido nosso desenvolvimento industrial e é idolatrado pelo complexo industrial militar.
Nessas premissas, que eu diria, vagas construiu-se um mundo a nossa volta onde tudo é muito bem explicado pelas ciências e que, portanto, atingimos um certo equilíbrio e estabilidade na realidade que nos cerca.
O perigo está aí, pois geramos um mundo de 8 “bilhões” de pessoas nessas premissas “vagas” de estabilidade e equilíbrio da ciência da economia que seriam capazes de gerar e explicar muito bem essa realidade “máquina” aonde salário, emprego e renda seriam capazes de gerar estabilidade, e sustento para essa imensidão de pessoas, tornando uma ciência social, a economia, numa fórmula infalível para a sobrevivência desses 8 bilhões de pessoas.
Ciência alguma seria ou será capaz de “controlar” o comportamento social dessa magnitude de 8 bilhões de fatores sociais nas premissas de que todos eles caminham ou caminharão para o equilíbrio ou estabilidade social.
E agora José? Se o sistema industrial atingiu um certo ápice, e caminha para a decadência e morte, como tudo no Universo, como seremos capazes de gerar salário, emprego e renda para 8 bilhões de pessoas, já que a realidade “máquina” do complexo industrial militar não é mais capaz de explicar convenientemente o mundo a nossa volta.
No fundo, as complexidades do comportamento social de 8 bilhões de pessoas explodiu essas premissas industriais na sua ânsia de produção em massa e redução de custos, perdendo de perspectiva o comportamento social, e a fragilidade desse nosso comportamento humano que não cabe nas premissas da “realidade” máquina embutida na produção industrial de massa.
Massa aqui compreendida tanto como quantidades a serem produzidas quanto quantidade de pessoas a serem consumidores. Se esses dois “fatores” de massa podem ser calibrados para atingirem equilíbrio e estabilidade social é o que explica os limites da crise do próprio sistema industrial militar na atualidade.
Conclusão, o paradigma máquina que explica a realidade a nossa volta entrou em crise junto com o complexo industrial militar que é dotado, como estamos vendo, de uma inteligência extremamente artificial. General não explica ciência social e a realidade não cabe numa máquina! E tudo um dia chega ao seu final. E agora José? fazer o quê com 8 bilhões precisando de salário emprego e renda. As apostas do complexo industrial militar foram muito altas sem pararem para pensar nas consequências profundas de nossa realidade humana que é complexa e inexplicável!
Pelo Prof. Ricardo Gomes Rodrigues
São Carlos, SP, 19 de junho de 2024
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