Por que o Liberalismo não Progride no Brasil _Segunda Parte
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 15 de mai. de 2024
- 4 min de leitura
Por que o Liberalismo não Progride no Brasil _Segunda Parte
Risco e ascensão ao Poder da Elites
A disposição das elites que formam um país em correrem riscos mede em última análise o nível de empreendedorismo dessa sociedade. Para tanto, é preciso entender como essas elites foram forjadas através de sua história de ascensão ao poder.
Ascensão ao poder é uma história entrelaçada com o empreendedorismo, ou seja, de como oportunidades históricas criaram as condições necessárias para a geração de riqueza, oportunidades e poder.
Desde 15 de Novembro as elites Brasileiras foram forjadas por um golpe militar, fruto de uma intervenção militar Norte Americana que resultou não apenas na derrocada da monarquia de Dom Pedro II, mas também, no colapso e destruição da Armada Imperial, a qual, herdada da Marinha Real Portuguesa era capaz de exercer um considerável poder militar no Atlântico Sul, barrando as possibilidades de ascensão não só dá Marinha Norte Americana, mas também, da Doutrina Monroe que tentava impor os valores Yankees e Anglo Saxões por sobre toda a América Ibérica de origem Portuguesa e Espanhola.
O Império do Brasil era uma barreira dolorosa contra as aspirações imperialistas Yankees e Anglo Saxônicas, e uma pedra no sapato da famigerada Doutrina Monroe, já que a casa Real e Imperial de Bragança de Dom Pedro II representava o oposto da rebelião da República Norte Americana, e um revés às guerras Napoleônicas.
Até 15 de Novembro de 1889, o Brasil e suas elites eram uma feroz oposição a tudo que podia representar a noção de República, de rebelião e de guerras revolucionárias ou napoleônicas, já que eram a evolução histórica sem interrupções desde 1500 que transformavam o Império Português em Império do Brasil.
As elites do Brasil imperial representavam essas aspirações de um poder político e militar no Atlântico Sul que barrava o avanço Imperialista Yankee que já tinha tomado metade do México. E mais, tinham vencido com a Guerra do Paraguai a primeira tentativa Yankee de derrubar o Império do Brasil pela força militar.
A partir dessa Guerra do Paraguai, a Armada Imperial constituiu-se num poder militar real representando um formidável peso político de Dom Pedro II em toda a América Ibérica em oposição à República Norte Americana.
Risco e empreendedorismo nesse contexto monárquico Brasileiro, representava o poder de sua Armada Imperial de proteger seus interesses, assim como, junto com a República Argentina e o Reino da Espanha de darem continuidade aos valores da cultura Ibérica do Caribe à Patagônia, de Havana ao Rio de Janeiro até Buenos Aires.
Nesse contexto geopolítico do século 19, não havia nenhuma América Latina, mas um bloco cultural ainda coeso de origem Ibérica, opondo-se como um formidável obstáculo a penetração Yankee e Anglo Saxônica.
Os Estados Unidos representavam ainda uma tênue alternativa cultural e, portanto, econômica para as aspirações imperialistas de um amplo continente Americano definido pela doutrina Monroe através de uma unidade cultural sólida Anglo Saxônica.
As elites Monárquicas Brasileiras, por parte do Brasil, representavam esse contra ponto cultural e econômico no continente Americano bem mais consistente do que a Doutrina Monroe devido as heranças ibéricas majoritárias por toda a região, independentemente de serem República ou Monarquia.
Nesse contexto, a República Norte Americana representava uma minoria cultural Yankee e Anglo Saxônia nesse continente Ibérico, e Doutrina Monroe alguma conseguia alterar esse fato. A descoberta da América era o resultado de um empreendedorismo Espanhol, e a definição das rotas marítimas para as Índias no Atlântico Sul um evento da audácia de navegadores portugueses
Como as Repúblicas, resultado da partilha do Império Espanhol, evoluíriam historicamente dependeriam dessa predominância cultural e econômica Ibérica, de outro modo, correriam o risco de naufragarem sob o voraz apetite da República imperialista Yankee que já tinha consumido metade do México, além da Flórida e Califórnia.
As alianças entre o Império do Brasil e a República Argentina formadas desde a Guerra do Paraguai constituíam uma espécie de baluarte contra esse apetite voraz Yankee por dominação e subjugação.
Afinal, estava cada vez mas claro para todos no Continente que não falávamos Inglês, e que nossas origens históricas não eram Anglo Saxônicas. Isso era uma formidável barreira à predominância tanto cultural quanto econômica dos Yankees por sobre todos nós.
Seguindo essa linha de raciocínio sobre risco e empreendedorismo, que define a evolução histórica das elites dirigentes de um país. Para nós aqui no Brasil, 15 de Novembro de 1889 representou um cataclísmo mortal, tanto culturalmente quanto economicamente.
O colapso do Império do Brasil representou também o colapso de sua Marinha Imperial e do poder militar histórico que tínhamos desde 1500 por sobre o Atlântico Sul em conjunto com Portugal e a Espanha.
Assim, a partir de 15 de Novembro de 1889, vence a doutrina Monroe, o Imperialismo Yankee, e a América Ibérica torna-se América Latina.
Porém, como as origens da República Norte Americana são Anglo Saxônicas essa ocupação cultural do território Ibérico tornou-se imperfeito, defeituoso, incapaz de definir uma unidade cultural sólida como havia entre os países de fala Portuguesa e Espanhola.
Os conflitos atuais a partir de Nicarágua, Venezuela e principalmente Cuba representa essa impossibilidade da América Ibérica em tornar-se Latina ou de predominância Yankee Anglo Saxônica.
A América Latina Anglo Saxônica tornou-se uma unidade cultural irremediavelmente fragmentada devido a total incompatibilidade cultural entre a cultura Ibérica e Anglo Saxônica, tornando o Império Americano igualmente inconsistente e fragmentado.
O México (Ibérico), situado nessa linha de frente dos limites do Império Americano Yankee, Anglo e Saxão, e a América Latina (Ibérica) demonstra essa fragmentação cultural (latina-anglo-saxônica), tanto do lado Mexicano quanto do lado Norte Americano, assim como, os conflitos e tensões históricas, culturais e econômicas existentes nos dois lados da fronteira.
Essa não é uma questão de diversidade cultural, mas da tentativa de predominância Anglo Saxônica por sobre a cultura Ibérica da região, tornando-se num choque cultural irremediável.
Nossa bandeira não é nem Latina nem Yankees nem Anglo Saxônica. Nossa bandeira é aquela de um antigo Império que já existiu tanto para o país que fala português quanto para os que falam espanhol.
Pelo Prof. Ricardo Gomes Rodrigues
São Carlos, 15 de maio de 2024
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