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Vestígios Geológicos nas Áreas de Inundações em São Paulo

Um olhar mais atento por sobre o relevo da Região Metropolitana de São Paulo, e é possível se observar o histórico geológicos das inundações que têm se abatido sobre toda essa região agora intensamente cornubada.

Os rios e riachos são os principais vestígios do passado turbulento das inundações. Podemos categorizar três níveis básicos na formação dos canais e canaletas desses escoamentos hidroviários.

O primeiro é o nível mais baixo e mais persistente, que dá a esses rios e riachos da região sua aparência mais inocente; é aquele que perdura, digamos, 90% do tempo.

O segundo nível é aquele que pode ser medido pela distância entre o nível mais baixo, (e inocente) dessas vias hidroviárias, até suas bordas de contato com o terreno.

Quanto maior for essa diferença, maior deverá ser o foco de atenção para áreas de pouco, médio e alto risco, pois que com essa diferença, fica claro que esse canal, ou canaleta, do rio ou riacho, tem recebido ao longo dos tempos geológicos, pouco ou grandes descargas de águas de chuvas.

O terceiro nível a se observar é a área de inundação desses rios e riachos, o que demonstra um possível agravamento no histórico geológico de transbordamento do canal para as bordas, avançando sobre toda uma região de contato, que se transforma em área de inundação.

Esses três níveis estão intimamente relacionados. Assim, se o canal do rio, ou riacho for muito profundo em relação ao seu estado normal e (inocente), isso sinaliza alto risco e está associado a um grande volume de água que pode transpassar para além das bordas de contato com o terreno.

Não é difícil relacionar o tamanho desses canais hidroviários desde seus níveis mais baixos e inocentes, até os mais altos em relação as dimensões de suas áreas de inundações.

Quanto maior for a área de inundação em relação a altura máxima desse canal hidroviário, isso sinaliza um histórico de grandes inundações geológicas nessa região, que provavelmente ocorreram com pouca frequência, mas que ao longo de milhares de anos causaram não apenas o alagamento dessas áreas, mas também o aprofundamento do canal hidroviário, e que eventualmente esses altos níveis de transbordamento podem voltar a se repetir. Essa análise sinaliza risco de máxima atenção.

As áreas de Inundações deixam marcas geológicas históricas profundas de como esses transbordamentos aconteceram, demonstrando claramente a dinâmica das inundações na região aonde esses rios e riachos existem atualmente.

Se o rio segue uma linha mais retilínea, isso significa que a declividade da área é alta, e que talvez o histórico das inundações e transbordamentos de suas canaletas se distribuíram de modo mais uniforme, atingindo grandes áreas, pois que causaram uma aplainação devido a alta velocidade da vazão das águas, e por isso a região tem maiores níveis de erosão e sedimentação ocorrido em seu relevo através de milhares de anos.

Um exemplo prático observável é área de inundação do rio Pinheiros, que mostra um transbordamento no tempo geológico que vem aplainando toda uma região desde sua via marginal até os limites da rua Estados Unidos no bairro dos Jardins, mostrando que a partir desse ponto a ladeira da rua Augusta sobe numa aclividade alta súbita até a Avenida Paulista.

Por outro lado, se o rio ou riacho forma meandros, ziguezagueando por sua área de inundação, isso significa que o terreno da região tem baixa declividade, e possivelmente encontra obstáculos nas diferentes formações do relevo ao seu redor com pontos mais, ou menos, resistentes às águas de inundação .

Nesse caso, é possível se observar que ao longo do canal hidroviário existem áreas que formam bolsões com vestígios de inundações frequentes, e em outras as inundações têm sido mínimas.

As consequências, nesse caso, são as formações de áreas irregulares com pontos que formam perigosos e pouco perceptíveis bolsões de inundações; e em outros casos existem terrenos mais altos, e menos suscetíveis aos efeitos das inundações nessa mesma área.

Uma visão mais ampla dessa discussão dos efeitos das inundações dos canais hidroviários é a formação de grandes áreas de aplainação, que se pode observar através do efeito multiplicador do que foi descrito acima, quando diversas áreas de inundações hidroviárias se sobrepõem, formando um imenso “lago” de erosão e sedimentação, demonstrando como os rios têm escavado e erodido o relevo dessa região em eras geológicas de milhares e milhões de anos.

Um bom exemplo disso é de como as bacias hidrográficas dos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí estão em processo “geológico” de união, não apenas aplainando uma grande área da cidade de São Paulo, mas também estão erodindo o maciço da Paulista que está em lento processo de diminuição.

O túnel da 9 de julho é esse ponto limite que demonstra esse grande processo de união de bacias hidrográficas e aplainação de uma ampla região central de São Paulo.

Outro aspecto a se considerar, é a existência de morros e montanhas nas proximidades das áreas de inundações desses rios e riachos. Quanto mais próximas essas áreas estiverem desses maciços; maior será o risco de inundações, e quanto maior a altura de morros, picos e montanhas nos arredores, maior será a velocidade com que as águas de chuva escorrem em direção as canaletas dos rios.

Um bom exemplo, é o Pico do Jaraguá, o ponto mais elevado da Região Metropolitana de São Paulo, que serve de indicador do quanto as inundações nessa área urbana podem se tornar violentas, carregando grandes volumes de água, apontando para um alto risco de eventos climáticos. 28/01/2025.

 
 
 

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