A Geopolítica do Brasil no Século XIX e a Marinha Imperial como Arma Estratégica
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 10 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 8 de mar. de 2021

Os Planos de Defesa da Costa Brasileira
Os planos de defesa da Costa Brasileira durante o Século 19, no período do Império do Brasil, estavam intimamente ligados às histórias de cooperação entre os Império Espanhol e Português.
Esses planos consideravam uma íntima cooperação entre Portugal e Espanha que depois foi substituída por planos comuns de defesa entre o Império do Brasil e a República Argentina. Como não havia ainda o Canal do Panamá, essas estratégias militares alocavam recursos navais alongo de quadrantes desde a Região do Caribe próximo a Porto Rico ao norte; até os Canais de Magalhães e Beagle ao sul.
Esses quadrantes eram bem definidos por linhas de Longitude começando aproximadamente em 61º W, seguindo à direção Norte-Sul, desde o caribe próximo de Porto Rico e Cuba ao norte; descendo pelas Ilhas de Montserrat, Martinica, Santa Lúcia, Trinidad e Tobago; passando ainda por Ciudad Guayana na Venezuela, Manaus no Brasil até atingir Santa Fé, Rosário, Buenos Aires e Bahia Blanca na Argentina ao sul. Na direção Leste-Oeste, acompanhava a protuberância do litoral Brasileiro desde a foz dos Rios Orinoco e Amazonas até atingir o Rio da Prata.
A partir de Macapá na latitude de zero grau por onde passa a linha do equador, na longitude de 51º W mediam-se os tempos e distâncias dentro desses quadrantes, definindo-se um ábaco de posições possíveis para as instalações navais quer sejam como base fixas ou móveis de apoio ou ainda apenas para barcaças de transferência de materiais e equipamentos.

As Estratégias Geopolíticas das Armadas Brasileira, Argentina e Espanhola
A esforços combinados tanto dos recursos navais da República Argentina quanto do Império do Brasil faziam dessa aliança uma arma poderosa na definição de estratégias militares e de soberania na geopolítica da região do Atlântico Sul.
No início, as comunicações eram precárias e feitas através de sinalizadores, bandeirolas, faroletes, mas a partir do fim da Guerra do Paraguai com o advento do telégrafo e outros instrumentos de medição era possível num simples toque de sinal de alerta, a partir do Almirantado no Rio de Janeiro ou em Buenos Aires, praticamente fechar a região do Atlântico Sul ao tráfego de qualquer navio desde Caracas ao Norte até Magalhães e Beagle ao sul, bloqueando-se a passagem de navios civis e militares entre a costa Atlântica e Pacífica do continente Americano.
No final do século 19, essa aliança Argentino-Brasileira reforçava a posição da Espanha no Caribe em relação as potências Europeias e contrapunha-se ao crescente poderio e influência dos Estados Unidos a partir do México em direção ao Caribe, reforçando Cuba e Porto Rico como bases espanholas inexpugnáveis contra as ambições norte-americanas.
O Golpe Militar de 15 de Novembro de 1889
O Golpe Militar contra o Império do Brasil em 15 de novembro de 1889, fez ruir todos esses planos estratégicos, destruindo as posições mais relevantes tanto do Brasil quanto da Argentina ou da Espanha.
O duro golpe de traição da ação conjunta das Marinhas Chilenas e Americanas em ataque de infame vilania com a colaboração do General Brasileiro Floriano Peixoto destruiu a História do Brasil nos reduzindo a esse quintal prostituído carnavalesco e futebolístico em estado de total submissão e vassalagem. Praticamente deixamos de existir como nação independente. Até hoje o Governo Brasileiro tem funções meramente administrativas, recebendo ordens diretamente de dentro da Embaixada Americana.
A ação mais vil dos Generais Brasileiros envolvidos nessa vergonhosa conspiração contra o Império do Brasil foi terem entregue ao Embaixador Americano detalhes desse plano de defesa da Marinha Imperial do Brasil. Sem isso, apesar do bloqueio e bombardeio que o Almirantado Imperial sofria em sua sede em Niterói na Baía da Guanabara, apenas num toque de dedos podia-se acionar o Plano e neutralizar qualquer pretensão dessa ação terrorista por parte dos Chilenos e Norte Americanos.
Quando de fato isso foi feito, percebeu-se que todo o plano estava comprometido e não retornava respostas, comprometendo-se também as defesas tanto da República Argentina quando do Reino da Espanha.
A Geopolítica do Fim do Mundo
O resultado imediato dessa traição histórica que ficará nos registros como o dia da Infâmia foi o nocauteamento da supremacia estratégica da Argentina sobre Magalhães e Beagle que ficou vulnerável tanto às más ações do Império Britânico a partir das Malvinas, quanto das más ações conjuntas das Marinha Chilena e Norte Americanos nessa região.
Logo em seguida, os Estadunidenses encontraram uma oportunidade para provocar uma guerra contra Espanha, destruindo completamente a influência ibérica na região caribenha, perdendo-se Cuba e Porto Rico, além das Filipinas na Ásia.
Dessa forma, o plano de desfez. No primeiro momento o Brasil tornou-se não mais do que uma colônia norte americana para em seguida a Argentina se ver definhar estrategicamente até nos tornarmos todos nesse lugar que agora se costumam chamar de “fim do mundo” sem qualquer papel estratégico ou geopolítico ou, ainda, de soberania nacional.
Pelo Professor Ricardo Gomes Rodrigues
São Carlos, SP, Brasil
9 de fevereiro de 2021
Figuras Esquemáticas adicionais dos Planos de Defesa da Marinha Imperial Brasileira - Século XIX







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