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A Crise Liberal

A Crise Liberal

A crise liberal de 1930, expunha o conflito entre o tradicionalismo versus o modernismo, devido ao rápido crescimento dos Estados Unidos entre 1919-1929, impulsionada por uma vertiginosa industrialização que criara o “sonho americano” de consumo das classes médias, rompendo barreiras civilizatórias, e culturais desde o direito ao voto feminino até modelos de costumes comportamentais, chocando-se com os valores religiosos herdados dos antigos impérios europeus de antes de agosto de 1914.


O repentino colapso do mercado acionário em outubro de 1929, revive esse conflito favorecendo o tradicional contra o modernismo liberal. Voltamos a 1930?

No final das contas, o fascismo representava a ascensão das massas proposta pelo modernismo resultante do rápido crescimento industrial dos Estados Unidos entre 1919-1929.


A rápida modernização do mundo nesse período, através do sonho de consumo das massas Americanas, reciclava (modernizava?) o tradicionalismo, agora tomando em conta as massas como sendo classe média. Uma reviravolta no tradicionalismo monárquico de antes de agosto de 1914.


Leia José Ortega y Gasset “A Rebelião das Massas” publicado nos anos de 1930.


As contradições do tradicionalismo monárquico e religioso, que haviam criado sociedades estáveis por séculos, estavam sendo atropelados pelo vertiginoso crescimento industrial norte americano no período entre 1919-1929, que acenava para as massas com o famoso sonho americano de consumo.


Essa era a contradição máxima do tradicionalismo, decidir entre o bem estar econômico nunca antes visto, em oposição aos valores morais e religiosos que remontavam aos fundamentos de nossa civilização.


As massas elevadas a condição de classe média vacilavam entre Deus e o Diabo, entre a fé e a razão.


Como nada dura para sempre, a ruptura do modernismo liberal de crescimento rápido e contínuo expunha em 1930 esses conflitos, substituindo valores morais tradicionais por ideologias (direita versus esquerda).


Em fim, como nada dura para sempre, então o quê?


O esgotamento das ideologias revive o choque entre o tradicional versus o modernismo liberal, criando uma crise moral difícil de conciliar já que sem o “tradicional” sonho americano, a classe média fica deslocada num limbo moral sem saída, nem para o consumismo industrial, nem para a reconstrução dos tradicionalismos perdidos no pós agosto de 1914.


Tarde de mais para a classe média?

Nosso período de vida atual coincide com a crise do liberalismo econômico, e o esgotamento da estética modernista.


A Classe Média sem o sonho americano de consumo vaga como massa sem rumo, sem propósitos políticos, crítica de tudo e de todos, mas sem respostas convincentes.

Então, tanto sob aspectos econômicos, quanto do ponto de vista estético, essa era de mudanças fundamentais atuais torna o mundo distópico para aqueles que se lembram ainda dos anos dourados do sonho americano.


Quo Vadis Paulus!


As Crises cíclicas do Liberalismo


O Liberalismo econômico se esgota a partir de suas próprias premissas; crescimento muito intenso e muito rápido, propiciando o súbito surgimento de vantajosos mercados de produção e consumo, para atingir um certo ápice, decaindo depois tão rápido quanto chegou a seu auge.


Esses ciclos econômicos vem se repetindo por séculos, talvez desde o fim da Era do Bronze.


As expectativas de ganhos crescentes animam o debate econômico liberal que no final se torna vítima não dá usura, mas na falta dela, contraditoriamente.


O esgotamento dos ciclos liberais, fazem colapsar a valorização do capital quando os mercados de produção e consumo se exaurem em custos médios decrescentes, e no consequente desaparecimento dos custos marginais, os quais em última análise, são os elementos econômicos básicos que animam os ganhos marginais, estimulando a ciranda; mais investimentos, mais produção e mais consumo, envigorando o virtuosismo do ciclos liberais.


Quanto mais rápido esse ciclos se desenvolvem, mais rápidos se esgotam, paralisando os ganhos marginais, deixando desse modo, a produção de ser atrativa para novos investimentos, o que afinal, emperra e lentamente mata os auspícios de ganhos crescentes que está nos fundamentos da própria teoria liberal.


A crise da estética modernista

A crise do liberalismo econômico produz a crise da estética modernista e revolucionária, já que as mudanças que operam junto aos valores tradicionais têm certas semelhanças, pois que obviamente as questões econômicas estão intrincadas às questões de comportamento social.


As elites receptoras dos ganhos econômicos iniciais vultosos, responsáveis pelo impulso liberal inicial de ganhos crescentes são claramente revolucionárias em suas visões filosóficas, propiciando uma reviravolta nas estéticas tradicionalistas, as quais passam a serem vistas como anacrônicas, emperradas, ou ainda arcaicas.


Nesse caso, a visão de um tradicionalismo arcaico por parte das elites liberais vencedoras nos mercados de produção e consumo, é tendenciosa, e tem como objetivo refletir a estética dos ritmos da “máquina” da produção, consumo e investimentos.


Assim, surge uma nova estética liberal modernista de linhas retas com ausência de aderesos, caracterizando-se por uma estética racionalista simplista do modelo industrial vitorioso, absolutamente racional e objetivo, que reduz a estética por onde observam o mundo como se fosse uma fórmula do tipo (1+1 = 2).


A estética do modernismo liberal, limpa a visão do mundo dos seus excessos, eliminando nuances e militarizando a sociedade, recriada através de uma fórmula concreta e objetiva, que observa o mundo através da concretude dos conflitos sociais e das guerras; inevitáveis devido as necessidades crescentes de expansão econômica para sustentar a qualquer preço a fase de crescimento dos ciclos no qual o liberalismo está inserido.


Na decadência, a estética modernista liberal torna-se anacrônica, passando a representar a feiúra sem nuances, e pela falta de adereços, acabando por ser vítima da concretude da razão objetiva, associando o feio ao moderno e o bonito ao tradicional, invertendo os papéis iniciais dos ganhos modernistas.


Essa reviravolta que passa a questionar a estética da feiúra, refugia-se no tradicional, o qual passa a estar associado a elegância, ao bom gosto, e ao equilíbrio das formas.


Porém, essas mudanças na visão estética do modernismo reflete sua própria decadência econômica esgotada nos ganhos dos retornos nos ritmos da produção, consumo, e investimentos.


A estética do modernismo perde, as nuances da fé e de Deus, para a concretude da razão objetiva do profano, que passa a considerar o sagrado como misticismo.


Pelo Professor Ricardo Gomes Rodrigues

São Carlos, São Paulo, 9 de julho de 2025

 
 
 

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