
A Revolução de Deus: Entre o Sagrado e o Profano
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 17 de jun.
- 6 min de leitura
Preâmbulo
Deus é uma característica peculiar da nossa civilização humana, que um dia emergiu da barbárie para a perplexidade de uma existência paradoxal entre a razão e a fé, a beira do abismo existencial sem sentido; em carrera vertiginosa atrás do divino que há em si; sob o signo de um milagre nascido entre o pecado e a virtude, em busca eterna pelo brilho da divindade ofuscada pela profanidade do instinto animal de sua criação.
Deus é a busca do homem que vacila entre o divino e seu instinto animal.
O Militarismo no Banco dos Réus
O militarismo da razão objetiva e do materialismo cria a impressão de uma imagem distorcida a partir de uma realidade concreta e absoluta do nada, que só pode ser revelada pelo raciocínio concreto e compulsivo onde não existem nuances, mas a máxima objetividade possível, atingindo assim, o máximo de sua potencialidade de se fazer crer no poder de suas armas, da riqueza material, explodindo numa certa supernova civilizatória da tecnologia e do materialismo estético da feiura para logo em seguida terminar rodopiando como uma caldeira queimada na escuridão do nada.
É esse militarismo exacerbado que fez emergir a atual modernidade, a partir da primeira e segunda guerra mundial combinadas que está sendo questionado aqui, colocando seus generais no banco dos réus.
Deus acusa!
O que está em jogo aqui não é apenas razão objetiva dos Generais que criam conflitos sem fim, perseguindo essa dialética da guerra de uns contra os outros, não importando de quem contra quem, mas o que está em jogo aqui é a existência do sagrado em luta contra o profano que criou a própria civilização humana.
A concretude dessa objetividade militarista é o que justifica as guerras, reduzindo a morte de seres humanos a “casualidades”, desde que seja com os filhos dos outros e não dos próprios generais.
A razão do militarismo justifica uma certa estética da feiura que de noite brilha sob refletores coloridos de centros comerciais, e de dia revela a concretude de trânsito congestionado das aglomerações inumanas.
De um lado a corrida apressada pelo tempo que vale dinheiro; de outro a insignificância da existência humana que pode virar casualidade, agora também em guerras urbanas.
O militarismo pós 1945 se exaure na proliferação das guerras em conflitos sociais que não podem mais ser resolvidos pelo código penal, nem tão pouco pelas igrejas domesticadas aos interesses militares que monotonamente recitam versículos sagrados para serem confundidos com lemas políticos, já que o profano é a ótica militar que tenta destruir o sagrado.
O sagrado é o mistério da própria civilização humana, e reside nas nuances do saber divino que nasce do pecado que se torna a virtude da existência humana.
O sagrado é essa virtude humana em busca de seu brilho divino interior para além de seu pecado original.
O profano é a estética da feiura sem nuances, sem virtudes, sem brilho, que confunde criatura e criador numa máquina de guerra que mata o espírito humano, e que tão pouco brilha em busca do divino interior para se tornar apenas a concretude da aceitação do pecado sem culpa, do sexo, drogas e rock-on-roll.
A estética da feiura contra-ataca
A justificativa do profano é a revolução criativa que mata e regenera, sem nuances no raciocínio linear que cria as maravilhas da civilização tecnológica, mas que aprisiona e reduz a natureza humana ao eterno discurso dialético de uns contra os outros, não importando de quem contra quem, apenas para justificar a criação e a regeneração da história sem fim dos que mandam contra os que obedecem, já que vivemos num era militar.
Os conflitos de classes dos que podem contra os que menos podem, desaparecem dentro da sociedade hierarquizada de uma organização militar que racionaliza a questão de ordem social como “PAX ROMANA”, ou seja, uma imposição das armas sobre o espírito humano, que por sua vez deixa sua busca inútil pelo sagrado, aceitando sua origem como pecador sem culpa.
Como resultado, os conflitos sociais se exacerbam, as prisões ficam superlotadas, e o código penal passa a ser a fonte da moralidade militarista que justifica a estética da feiura, e resolve o conflito espiritual como um conflito social, confundindo moralidade pública com a moralidade existente dentro de uma penitenciária.
O misticismo é a justificativa do militarismo do discurso dialético para se atingir o materialismo histórico da concretude da razão objetiva, criando assim, a estética do modernismo da feiura, e da negação de Deus, impulsionando o progresso material através da fabulosa civilização tecnológica em armas.
Essa fabulosa civilização tecnológica de luzes noturnas vibrantes, justifica o profano, desqualifica o divino, negando Deus e as religiões como perigosas a esse progresso humano que transforma homens em homossexuais e mulheres em Generalas.
Essa é a civilização do pecado sem culpa! Do Leviatã de uniforme, do progresso social contínuo onde existe uma pretensa ciência capaz de desvendar qualquer mistério, resolver qualquer paradoxo, domesticando os homens aos caprichos de seus generais, agora também de generalas.
O Sagrado, o Profano e a Moralidade
As religiões desde o início de nossa civilização refletem a moralidade divina da virtude contra o pecado, do pregador contra o pecador, do sagrado contra o profano.
O atual conflito de nossa civilização está situado justamente aí, na questão da moralidade pública que deixou de ser a moralidade divina para ser a moralidade do código penal, e essas duas coisas não são as mesmas.
A moralidade pública
A questão da moralidade pública é a questão que rege nosso comportamento quando percebemos em nós algo muito diferente dos animais, para em seguida surgir a moralidade divina que rege nosso comportamento ético e moral, e o código penal que pune as faltas cometidas.
Porém, há de se fazer uma distinção aqui entre moralidade pública que pune de acordo com o código penal, e a moralidade divina que pune o pecado. A primeira, pune o infrator através da pena, a segunda o pecador através da culpa, e esses dois podem não serem os mesmos.
O problema atualmente na conceituação da moralidade pública reside na substituição do sagrado, a culpa do pecador, pelo profano, a pena do infrator, dando primazia ao código penal que pune o infrator, mas deixa de lado o pecador.
Esse é o dilema da sociedade laica contemporânea, que eliminou o pecado e a culpa em sua afronta contra a existência de Deus, reforçando moralmente uma civilização sem culpa embalada no sexo, drogas e rock-on-roll, que só responde a um código penal que é venal em relação as religiões e ao divino.
As religiões e o paganismo
A tentativa de eliminar o sagrado, consagrando o profano sem culpa foi cooptar as religiões, principalmente o cristianismo, por suposto, a base da civilização ocidental e cristã.
O militarismo foi impondo o código penal como única fonte de moralidade pública com objetivo de obliterar as religiões e negar a Deus, colocando tudo num certo saco sem fundo do misticismo culposo.
As igrejas cristãs sucumbiram à moralidade objetiva e científica dos quartéis militares, maliciosamente abandonando o sagrado pela causa social, confundindo conflito social objetivo, com conflito espiritual da culpa do pecado, aceitando o discurso do militarismo dialético e do materialismo histórico como inevitáveis, relegando Deus e Cristo a uma posição menor dentro da própria Igreja, a qual se transformou em um partido de causas políticas, portanto de moralidade materialista sem culpa que segue o código penal.
Ao assumir que a moralidade religiosa é a moralidade dos conflitos sociais, as igrejas deixaram de ser sagradas em busca do mistério do divino que existe em nossa civilização para se tornarem um ramo do funcionalismo público, que recita monotonamente versículos da Bíblia que deixaram de serem sagrados para serem poesias do passado religioso, e organiza quermesses e bingos para sortear o pecado dos pecadores sem culpa.
Assim, as igrejas cristãs deixaram de ter a primazia na moralidade pública, para se verem cercadas por todos os lados pelo pecado e pelo pecador, aceitando a existência dessa civilização baseada no pecado sem culpa, regida pelo código penal.
As igrejas cristãs estão em profunda crise de moralidade ao deixarem de lado o sagrado e a culpa nos ensinamentos de Cristo, que surgiu justamente para reescrever a história do sagrado há 2 mil anos atrás, negando deuses pagãos de moralidade duvidosa em prol de um Deus único de moralidade inegociável, de uma igreja cristã aberta a todos, quando Deus passou a ser o Deus de todos os homens, e não de ceitas pagãs de deuses marcianos da imoralidade que justificavam governantes poderosos e corrompidos, que pretendiam profanamente serem também deuses.
As igrejas cristãs se aproximam perigosamente do paganismo de antes de Cristo, pois que sua moralidade não está mais baseada na existência inegociável do sagrado (culpa), mas na aceitação do profano (a pena do infrator), considerando que o aborto talvez não seja assim um pecado, livrando-o da culpa e da pena do infrator, e que casamento homossexual passa a ser uma negociação para tornar a igreja mais moderninha.
Nessas circunstâncias, as ladainhas recitadas nas igrejas atualmente são relegadas a um passado místico, já que sem a consagração do sagrado não conseguem fazer frente ao cerco moral que o código penal livra o pecado da culpa, e os pecadores da pena como uma imposição do militarismo e da atual modernidade da estética da feiura e do crime que foi legalizado.
Pelo Professor Ricardo Gomes Rodrigues
São Carlos, São Paulo, 9 de junho de 2025
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