Liquidez, risco e moeda
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 11 de jan.
- 3 min de leitura
A questão do valor da moeda em nossa sociedade industrial está intimamente ligada à liquidez que ela representa, aos riscos e às oportunidades da economia.
Na medida em que se enfraquecem os mecanismos de salário, emprego e renda, e os investimentos na produção em massa deixam de ser atrativos, a questão do valor da moeda passa então a ser sua capacidade de gerar liquidez, riscos e oportunidades no apenas “aqui e agora”, comprometendo sua valorização no tempo (juros).
Inegavelmente, existe um declive das moedas fiduciárias associado à queda dos processos de desenvolvimento industrial, e as fiduciárias acompanham essa crise dos custos marginais versus custos médios declinantes, levando então a questão de onde investir, já que o sistema financeiro está abalado por sua associação direta às questões de emprego, salário e renda que se desvanecem.
A questão das moedas fiduciárias passa então a ser de gerarem liquidez sem fazerem referencia à roda da fortuna econômica, que ao estarem em dificuldades de gerarem empregos de maiores produtividades, reduzem-se os salários, e a questão da renda ou de onde investir passa a ser questionável.
Os mecanismos tradicionais financeiros que “magicamente” trocam dívidas (títulos) por liquidez estão sendo seriamente questionados, e a emissão de moedas nacionais fiduciárias agrava essa situação, as quais são parecidas.
Os governos e o sistema financeiro passam a estarem excessivamente focados na Liquidez como forma de “resolver” o estancamento tanto do lado da produção como do consumo, desatrelando a representação tradicional que as moedas tinham não apenas para salário e renda, como também, para os investimentos, comprometendo, dessa forma, a liquidez, ou seu valor, os quais na verdade têm carácter fiduciário (baseado na confiança).
As transações de liquidez para as moedas fiduciárias, na medida em que se desatrelam dos salários pagos pelos empregos, passam também a serem questionadas.
Então, as relações: moedas (fiduciárias), transações financeiras e liquidez empurram os investimentos em direção a maiores riscos.
Os riscos passam a estarem associados não mais a valorização, ou desvalorização das moedas através do tempo na forma de taxas de juros, mas representam agora oportunidades no “aqui e agora”, descambando para todo tipo de transações a margem do sistema financeiro, tentando escapar da questão da falsa liquidez das moedas fiduciárias, das taxas de retorno muito especulativas, e das oportunidades de investimentos golpeados por custos médios sempre declinantes do sistema industrial.
Na medida em que custos e preços marginais se esfumaçam na comoditização dos produtos industriais, e das próprias moedas fiduciárias, o apetite é para maiores riscos possíveis capazes de gerarem a maior liquidez no “aqui e agora”.
Essa liquidez gerada por essas preferências exageradas por altos riscos não retorna ao sistema financeiro que perde rapidamente ativos já que sua capacidade de trocar dívida por liquidez está sendo severamente questionada por seu papel declinante na roda da fortuna econômica (salário, emprego e renda).
As transações digitais comerciais representadas no “block-chain” das cripto moedas tornam-se a cada dia uma alternativa viável para um rejuvenescimento do atual sistema financeiro, oferecendo a oportunidade de se alterarem os fundamentos transacionais das moedas fiduciárias que trocam títulos (dívidas) por liquidez em direção a trocarem transações comerciais digitais por Liquidez. E isso pode fazer toda diferença do mundo.
Ao se trocar o objetivo das transações financeiras de dívida (títulos) para as transações digitais comerciais operadas de dentro do block-chain, a representação das moedas mudam significativamente de fiduciárias para digitais; de emissão de dívidas (títulos) para transações de liquidez; de comoditização como mercadorias para processos digitais de comercialização real existentes no “block-chain”.
A noção de risco também muda quando se passa de moedas fiduciárias para cripto moedas.
Se antes, risco era associado às incertezas quanto a liquidez fiduciária de garantia duvidosa; nas cripto moedas risco é o risco do próprio mercado já que a maioria das transações financeiras e comerciais passam a serem digitais reais espelhada dentro da transparência do block-chain, e não por operações bancárias.
As finanças, a produção, os custos e a própria liquidez do mercado passam a serem digitais e não mais fiduciárias (de confiança). 10/01/2025








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