“O Declínio dos Papéis Fiduciários”
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 12 de jan.
- 3 min de leitura
As discussões comparativas entre as operações financeiras através do blockchain versus transações bancárias são semelhantes as questões entre cripto moedas versus moedas fiduciárias.
As diferenças em foco diferem substancialmente de como os Bancos são capazes de emitirem títulos de capitalização, transformando “magicamente” dívida em liquidez, enquanto as operações “Blockchain” não emitem moedas (criptos) mas sim operações comerciais reais.
Observem que as operações bancárias estão baseadas na garantia das moedas (fiduciárias) de livre emissão, e emissão de títulos (papéis fiduciários).
No Blockchain não só não há emissão, assim como, não existem títulos de emissão de dividas (ou capitalização).
A consequência mais imediata é o fim das emissões fiduciárias tanto para moedas quanto para títulos de capitalização para, os quais, nos acostumamos as suas capacidades “mágicas” de transformarem dividas em liquidez sem questionar a validade disso.
A pergunta que se segue é essa: no futuro das finanças não haverá nem títulos de capitalização nem moedas fiduciárias?
A resposta é complicada. Alguém pode imaginar um mundo sem dívidas?
As mágicas das finanças são antigas, e sempre estiveram associadas às especulações financeiras que provocavam bolhas econômicas, deixando os pequenos investidores com o prejuízo quando estouravam.
As operações financeiras sempre se assemelharam a pirâmides, (esquema ponze), acobertadas por teorias pomposas sobre juros e capitalização das aulas de finanças de prestigiosas Universidades.
O fato é que finanças significa emitir dívida para colher liquidez, e é isso que está sendo seriamente questionado agora.
A realidade é que os mecanismos de emissão de títulos de capitalização sempre estiveram associados às emissões de moedas fiduciárias, e para que fossem eficazes contavam com o espírito ganancioso dos imprudentes com o mal caráter especulativo das finanças, o recheio pecaminoso era a livre emissão fiduciárias tanto de títulos quanto de moedas.
A questão fiduciária (garantias) sempre foi a base da especulação financeira, e todo esse edifício financeiro sempre esteve alicerçado na cobiça que essas “garantias” ofereciam.
Para camuflar a especulação fiduciária (garantias), o mercado oferecia “títulos” sem risco com taxas fixas, e títulos de taxas variáveis a futuro, mesclando o curto, o médio e o longo prazos nessa questão de garantias fiduciárias, embaralhando taxas fixas com taxas variáveis através da noção de risco, ou apetite para maior ou menor especulação.
No entanto, o jogo das finanças sempre foi baseado nesse truque que desvia recursos a prazo e taxas fixas para se especular com os prazos e taxas variáveis.
O resultado sempre foi o tradicional entrar na “baixa” e sair na “alta”, deixando os pequenos investidores com o prejuízo, carreando recursos desses pequenos para os grandes especuladores.
No final das contas sempre foi esse prejuízo dos pequenos investidores que alimentaram todo o edifício financeiro, fazendo com que os recursos dos com menores apetites ao risco alimentassem as especulações dos espertalhões, deixando o prejuízo para os mais afoitos. E Ponze tinha razão...
O que muda então quando as finanças passam a operarem através do Blockchain?
Quando isso acontece, terminam as emissões fiduciárias tanto para os títulos de dividas quanto para as moedas de livre emissão, redesenhando os objetivos e fundamentos de todo o sistema financeiro.
A questão principal nessa transformação promovidas pelas operações através do Blockchain é de como serão redesenhados os mecanismos de capitalização, o curto, o médio e o longo prazos. Assim como, claro, os apetites para risco e liquidez.
Mas, isso é uma outra história que fica para uma outra vez... 12/01/2025








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