Papeles Imperiales - Comentários sobre os Acontecimentos de 15 de Novembro 1889 e Suas Consequências
- RICARDO GOMES RODRIGUES
- 12 de fev. de 2021
- 14 min de leitura
Atualizado: 7 de mar. de 2021

Advertências Iniciais
As maiores fontes sobre a história do Brasil estão fora do alcance de pesquisadores Brasileiros. Essas fontes são principalmente relatórios dos secretários das Embaixadas Americana e Britânica do Rio de Janeiro do século 19 e encontram-se nos arquivos do Departamento de Estado em Washington e do Foreign office em Londres.
Naquela época, como o Brasil era uma monarquia, havia muito interesse dos Yankees e Britânicos em nos analisar, o que contribuiu para que nos golpeassem em 15 de novembro. Depois disso, o Brasil caiu na irrelevância desse quintal puteiro Yankee. De modo algum esses documentos estão disponíveis para consulta. São documentos que subsidiam o governo Americano e Britânico na definição de suas políticas externas.
Outros documentos sobre o Império do Brasil simplesmente desapareceram depois de 15 de novembro já que os Generais Brasileiros iniciaram uma obra única de deturpação e divulgação de mentiras sobre a História do Brasil. O que resta aos pesquisadores brasileiros, quase sempre provincianos sem profundidade e entusiasmados com os objetos de joalheria da época monárquica, são fragmentos de documentos oficiais inócuos e artigos de jornais da época, o que resulta nessa história com narrativa confusa e muitas vezes sem sentido e fora de qualquer contexto como por exemplo a Inconfidência Mineira, a Guerra do Paraguai, o desmembramento do Império Português e o nascimento do Brasil.
Quaisquer documentos comprometedores a essas versões oficiais foram retirados de circulação e não se sabe aonde foram parar. Vejam, até o Palácio de São Cristóvão eles incendiaram. Então, pesquisar a história do Brasil é como se você lesse o que se publica nos jornais de hoje sem entender o que está acontecendo nos bastidores.
O que temos então é uma História completamente distorcida ao ponto da mentira pura e simples. Por exemplo, Tiradentes nunca existiu, foi um esforço para fazer nossa história parecer-se com a revolta do Chá em Boston por causa dos impostos cobrados.
O resultado é essa história para crianças do primeiro grau sem profundidade cheia de idiotices e cretinices impostas pelos Generais Brasileiros e a Embaixada Estadunidense. Então, toda a História do Império do Brasil está por hora perdida e não vai mudar enquanto esses Generais Brasileiros não forem depostos.
Eles vão continuar a insistir nessas cretinices de “Tiradentes” e “José Bonifácio” nos expondo ao ridículo. O mal que eles causam ao Brasil é imenso nos tratando como crianças a partir de histórias que se você comparar com que eu tenho publicado na Internet são tolices inverossímeis.
Relatórios da Embaixada Americana no Rio de Janeiro do Século XIX
O Chá das 5 na Embaixada Britânica
Provavelmente esses relatórios diplomáticos como arquivados hoje em Washington, começariam dizendo que em tal dia e hora Sua Majestade o Imperador do Brasil esteve presente no chá das 5 na residência do Embaixador Britânico e que a conversa transcorreu todo tempo em francês, já que sua Majestade fala muito pouco do inglês.
No desenrolar da recepção, para além das trivialidades sociais sobre o mal tempo, o assunto para qual Sua Majestade apresentou maiores objeções era o fato de que o Império do Brasil não recebia a devida atenção do Governo Britânico. Já o Embaixador Americano reafirmou veementemente a importância e a prioridade do governo de sua Majestade por parte do Departamento de Estado em Washington.
Depois que sua Majestade se retirou, os assuntos transcorreram entre o Embaixador Britânico e Norte Americano, sendo que o Governo de sua Majestade Britânica apresentou sérias objeções a qualquer tentativa por parte do Governo Americano de derrubar a monarquia brasileira, estando o Governo de sua Majestade Britânica perfeitamente a par da conspiração que se transcorria nos bastidores do Exército Brasileiro no intento de não apenas destronar Sua Majestade o Imperador do Brasil, mas também, de assassinar toda sua família, alertando para as consequências maléficas de tal ato por todas as cortes europeias, lembrando que Sua Majestade Dom Pedro II era neto do Imperador da Áustria.
Mais a diante, o relatório entrava mais nos pormenores do golpe militar em gestação, lembrando que era um ponto contencioso na corte imperial do Rio de Janeiro o rancor social dos Generais Brasileiros, quase sempre oriundos da classe média baixa com má formação de origem e extremamente negativos em relação aos oficiais da Armada que em geral eram mais nobres e de origem social superior.
Lembrava ainda o relatório, por exemplo, que o Governo de Washington deveria explorar esse rancor dos militares do exército contra a Marinha por serem uma arma irrelevante sobre um território sem grande relevância estratégica na geopolítica internacional.
Por outro lado, com o objetivo de pôr fim em definitivo ao regime monárquico Brasileiro e incorporar o Brasil de uma vez por todas ao território das Repúblicas “Americanas”, (aqui a palavra Americanas apareceria sublinhada no relatório de forma sarcástica), seria preciso destruir o poder de fogo estratégico militar da Marinha Imperial Brasileira na região.
Indo mais além, o relatório recomendaria a ação combinada da Marinha Americana com os Generais Brasileiros revoltosos. Tudo estaria preparado para ser detonado quando da visita da Esquadra Chilena ao porto do Rio de Janeiro; a Marinha Imperial inspecionaria o desarme dos navios fundeados na Barra do Porto, mas não daqueles fundeados na Baía de Espera, confundindo os vasos de guerra Chilenos com os da Marinha Norte Americana.
A colaboração da Armada Chilena como disfarce para encobrir as verdadeiras intenções bélicas da Armada Norte Americana seria fundamental para o bom sucesso da operação. Recomendava ainda o relatório que toda a empreitada deveria começar durante a recepção que Suas Majestades do Brasil ofereceriam aos oficiais da Armada Chilena quando um ato de fuzilaria acabaria com toda a família Imperial, lembrando dos perigos que nisso incorreriam os oficiais chilenos devido a possíveis reações das escoltas de Suas Majestades.
Nessa altura, com o passar das horas da madrugada, a Armada Norte Americana disfarçada de Chilena e vice versa teriam bloqueado a Baía da Guanabara, preparando-se para ao amanhecer abrirem fogo contra o Almirantado Brasileiro em Niterói. E por aí vai o relatório do secretário da Embaixada Americana ao Departamento de Estado em Washington às vésperas do dia 15 de novembro de 1889.
Papeles Imperiales
Ultrassecreto – Apenas para ser lido e manuseado diante de um Oficial do Departamento de Estado Norte-americano:
Os relatos do Sr. Secretário da Embaixada Americana no Rio de Janeiro nos dão conta do estado de extrema gravidade em que se encontrava a situação política do Brasil, na Corte do Rio de Janeiro, durante os acontecimentos de 15 de novembro de 1889.
Os telégrafos da Embaixada Americana no Rio de Janeiro transmitem sem cessar a partir das instalações que ainda funcionam no complexo militar da Marinha Imperial Brasileira no centro da cidade. O Sr. Embaixador Estadunidense reforçou a segurança de suas instalações, aguardando instruções de Washington, dispensando todo o pessoal não essencial que procurou refúgio nos vasos de guerra Chilenos fundeados na Barra.
O Sr. Embaixador Britânico furou o bloqueio imposto, forçando sua entrada no Palácio Imperial do Centro do Rio de Janeiro, usando apenas de seu prestígio pessoal e força política do Império Britânico. Alguns Almirantes da Esquadra Imperial, usando de meios desconhecidos se juntaram às Suas Majestades Brasileiras detidas e sob escolta de revoltosos muito bem armados, aguardando o desenrolar dos acontecimentos.
Sem cessar e em estado de ânimo exaltado, o Sr. Secretário do Consulado Norte-americano transmite relatos lúgubres sobre a situação política na Corte do Rio de Janeiro que se deteriora a olhos vistos com o passar das horas.
Urgente, urgentíssimo: O golpe arranjado pelo Departamento de Estado Estadunidense para destronar Suas Majestades Brasileiras tende a fracassar seguindo a visão geral de todos os envolvidos. As reações da população em geral e da classe política são de espanto e foram totalmente ignoradas pelo General Floriano Peixoto, líder dos revoltos. A participação do General Deodoro da Fonseca é inútil já que diante do estado de gravidade da situação está em completo estado de senilidade não falando coisa com coisa.
Oficiais do Exército se recusam a cumprir ordem dos Generais Brasileiros revoltosos e estão sendo fuzilados nos pátios dos quartéis. Os fuzileiros de Sua Majestade aquartelados no complexo Naval do centro preparam-se para agir. O chefe de polícia interditou o centro Rio de Janeiro e todas as proximidades do Palácio Imperial. Manifestações populares estão sendo reprimidas a tiro por guarnições ainda fiéis aos Generais Brasileiros Revoltosos.
Urgentíssimo: A Marinha Chilena como combinado desde a madrugada abriu salva de tiros e espera e rendição do Almirantado Imperial Brasileiro desde Niterói. Algumas fragatas Brasileiras manobraram para escapar ao cerco feito de surpresa e abriram fogo, mas sem orientação não estão conseguindo seu intento de atingir a Armada Chilena ancorada na Baía de Espera da Guanabara.
A Marinha Estadunidense prepara-se para desembarcar fuzileiros na Corte do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Os Almirantes Norte-americanos estão em dúvida sobre a real localização dos navios das Frota Imperial Brasileira de acordo com os planos entregues pelo Chefe dos Revoltos, General Floriano Peixoto. No entanto, até o presente momento pode-se dizer que a Armada de Sua Majestade Brasileira está pelo menos imobilizada e os revoltosos Generais Brasileiros prosseguem com mão dura fuzilando quem os desobedece.
Urgentíssimo: Oficiais Chilenos dos Navios estacionados na barra do Porto do Rio de Janeiro estão sendo detidos e mantidos sob escolta no complexo Naval da Armada Brasileira, assim como, os cidadãos norte-americanos que lá se encontravam. Os navios da Marinha Imperial continuam bloqueados na sede do Almirantado em Niterói pela Armada Chilena e os que escapam não conseguem articular uma resistência organizada por total falha de uma comunicação organizada, tornando-se atos esporádicos.
Sua Majestade Britânica interveio pessoalmente e convocou o Sr. Embaixador Estadunidense sob escolta ao Palácio de Buckingham. Sob todos os aspectos o golpe está sendo um fracasso e só nos resta esperar pela a intervenção da Armada Estadunidense.
Ultrassecreto – Apenas para ser lido e manuseado diante de um Oficial do Departamento de Estado Norte-americano:
Os informes que chegam ao Departamento de Estado em Washington desde o Rio de Janeiro em 15 de novembro de 1889 são desalentadores e a situação vai aos poucos se complicando para se tornar uma crise regional. A atuação do General Floriano Peixoto foi considerada desastrosa, demonstrando que ele não tinha apoio algum junto aos oficiais do Exército Brasileiro sendo apenas um ambicioso oficial administrativos que mentiu sobre quase tudo que informou ao Departamento de Estado. Tudo que disse, a demais dos planos de defesa da Armada Imperial Brasileira, está sendo severamente questionada em Washington.
Urgente; urgentíssimo: assim seguem os relatos da Embaixada Americana no Rio de Janeiro, alertando para a inesperada reação da República Argentina. A partir do Complexo Naval da Marinha Imperial, um informe oficial foi transmitido da seguinte forma:
Nessa manhã de 15 de novembro de 1889, uma esquadra Chilena em visita de cortesia ao Rio de Janeiro num inesperado ato infame de repugnante covardia abriu fogo contra a Armada de Sua Majestade Brasileira que se vê imobilizada em sua sede em Niterói. O Governo de Sua Majestade invocando a Deus e os mais altos e nobres espíritos de cooperação cristã transmitem esse pedido de ajuda às Nações Amigas.
As reações na Bacia do Prata foram inesperadas. O Governo da República Argentina declarou seu território sob lei marcial e fechou suas fronteiras com a República do Chile e transmitiu aviso aos Navegante, declarando todo o Atlânticos Sul como zona de guerra, recomendando que os navios em trânsito na região procurassem imediatamente abrigo nos portos mais próximos
A Marinha de Guerra Argentina recebeu ordens para imediatamente fechar e ocupar militarmente as entradas oeste dos Canais de Magalhães e Beagle.
Em Buenos Aires, a Policia Federal cercou as sedes das Embaixadas Americanas e Chilena, convocando seus embaixadores sob escolta para explicações na sede do Governo.
Tropas Argentinas e Uruguaias se juntam a destacamentos militares Brasileiros no Rio Grande do Sul, os quais ocuparam militarmente Porto Alegre declarando-se em lealdade a Sua Majestade Brasileira.
Uma esquadra Argentina segue a toda velocidade em direção ao Rio de Janeiro tentando juntar remanescentes das Armada Imperial Brasileira ao longo do percurso, ativando planos de defesa navais comuns definido por tratados de cooperação militar entre a República Argentina e o Império do Brasil.
Urgente; urgentíssimo: desde as instalações militares da Marinha Imperial, o secretário da Embaixada Americana alerta para a complicação política que se avoluma em torno do golpe militar contra a Monarquia Brasileira, lembrando que aos poucos essa operação vai se parecendo com a desastrada operação de Intervenção chamada na ocasião de “Guerra do Paraguai”.
Inesperadamente vai se arregimentando novamente uma Tríplice Aliança contra os interesses Estadunidenses na região, lembrando ainda que o General Floriano Peixoto perde com o passar das horas o controle da situação que se torna extremamente crítica com a reação da República Argentina.
Dentro do Palácio Imperial do Rio de Janeiro a atuação do Embaixador Britânico e dos Almirantes Brasileiros impedem qualquer ato de fuzilaria com a família Real Brasileira complicando ainda mais a situação.
Sua Majestade Britânica alertou para o fato que qualquer ato de agressão a Suas Majestades Brasileiras será considerado um ato de agressão contra a própria família Real Britânica.
Recomenda ainda o Sr. Secretário a intervenção imediata dos fuzileiros da Armada Estadunidense, desembarcando tropas para tomar controle militar da Corte do Rio de Janeiro.
Ultrassecreto – Apenas para ser lido e manuseado diante de um Oficial do Departamento de Estado Norte-americano:
A partir das instalações do Complexo Naval da Marinha Imperial Brasileira no centro do Rio de Janeiro, chegam informes desde Buenos Aires nos dando conta da situação militar na Região Sul do Brasil.
A esquadra enviada pela Armada Argentina para ajudar o Império do Brasil foi interceptada nos limites do Rio Grande do Sul por uma Corveta de escolta já bastante avariada da Marinha Brasileira, mas que ainda mantinha orgulhosa seus estandartes Imperiais.
Admitidos abordo, os relatos dos Oficiais Brasileiros foram muito preocupantes. Disseram eles que desde esta manhã de 15 de novembro, instalações da Marinha de Sua Majestade Brasileira está sob ataque da Marinha Norte-americana que cercou ou destruiu bases navais de apoio de acordo com os planos comuns de defesa Argentino-Brasileiro.
Recomendaram esses oficiais que a frota Argentina desse marcha atrás e priorizasse a proteção do território da Nação Argentina. Continuando, disseram eles que os planos de defesa naval comuns entre Brasil e Argentina estavam comprometidos e que possivelmente seriam eles os próximos na lista sujeitos a uma invasão Estadunidense-chilena na região.
Os oficiais brasileiros pediram asilo, o que lhes foi concedido imediatamente em nome da República Argentina. A Corveta Imperial, já bastante avariada e sem maiores condições de navegabilidade, por instruções de seu capitão Brasileiro, foi canhoneada e afundou próximo da Costa Brasileira.
Imediatamente, o Almirantado Argentino em Buenos Aires foi informado da gravidade da situação e colocou a Nação Argentina em estado de alerta máximo, considerando as possibilidades de uma invasão ou ataque a qualquer tempo futuro por parte do Armada Chilena ou Estadunidense.
O Governo Argentino emitiu ordens a todos os Navios da Frota em suas bases militares navais que deixassem imediatamente suas instalações de ancoragem e procurassem refúgio em alto mar.
Os Práticos da Recalada iniciaram os planos de bloqueio e minagem do canal hidroviário do índio que conduzia diretamente a Buenos Aires e Montevidéu.
Cogitando-se a evacuação da Capital Federal Argentina, colocando-se trens gratuitos em direção as províncias. O Governo Argentino também ordenou que qualquer cidadão chileno ou norte-americano em situação suspeita seja preso e colocado sob custódia da Polícia Federal.
O Sr. Secretário da Embaixada alerta o Departamento de Estado em Washington da deterioração progressiva das políticas adotadas contra o Império do Brasil e que a situação poderia se tornar incontrolavelmente contra os interesses Estadunidenses na região com repercussões futuras de prejuízos incalculáveis.
Recomendava o desembarque imediato de fuzileiros Norte Americanos para tomar controle militar da Corte do Rio de Janeiro.
Urgente; urgentíssimo: desde essa tarde de 15 de novembro de 1889, tropas de fuzileiros norte americanos em trajes civis e sem identificação militar alguma, mas fortemente armados, estão desembarcando no Rio de Janeiro com a ajuda de oficiais Chilenos que mesmo falando espanhol, auxiliam nas comunicações com a população local que fala português.
A Chefatura de Polícia do Rio foi tomada com grandes prejuízos devido a feroz resistência que apresentaram. Aparentemente não compreenderam as advertências feitas em espanhol pelos oficiais Chilenos para que se rendessem incondicionalmente.
Populares, remanescentes de tropas militares e da Marinha Imperial levantam barricadas e estão sendo atacados por milícias e jagunços do General Floriano Peixoto. Os Fuzileiros Navais Americanos à paisano se refugiaram entorno do Palácio Imperial e aguardam instruções.
Urgente; urgentíssimo: o Sr. Secretário do Consulado Norte Americano transmite à Washington dizendo que o uso de oficiais chilenos nas comunicações com a população do Rio de Janeiro está sendo contraproducente, causando pânico e reações violentas com resultados adversos, recomenda-se o uso de jagunços e tropas do General Floriano Peixoto.
Os fuzileiros estadunidenses encurralados nas imediações do Palácio Imperial estão sendo resgatados pelos jagunços do General Floriano Peixoto que pediu reforços. Mais tropas norte americanas à paisano estão sendo desembarcadas e quartéis da Marinha estão sendo atacados pelas forças de Floriano Peixoto em operações conjuntas com fuzileiros Norte-americanos e Chilenos.
Navios da Armada Norte-americana entraram na Baía da Guanabara e se juntaram às forças Chilenas em seu cerco ao Almirantado Imperial em Niterói. Tiros de advertência estão sendo disparados contra a cidade exigindo a rendição incondicional da Armada de Sua Majestade.
Ao final da tarde de 15 de novembro de 1889, diante da realidade dos fatos, rendeu-se a Armada Imperial e os últimos informes desde o complexo naval do centro do Rio de Janeiro chegam a Buenos Aires relatando os derradeiros acontecimentos:
Em nome de Deus, agradecemos os valorosos esforços da República Argentina que nessa hora mais escura da nacionalidade brasileira veio em socorro do Império do Brasil e de seu povo. Depois de pesado ataque, a Armada de Sua Majestade resolveu não mais retornar fogo e deixou de existir. Essa é a última transmissão desde o Complexo Naval que está nesse momento sendo ocupado por fuzileiros norte-americanos que nem se dignam a usar uniforme. A casa dos telégrafos cessa as transmissões. Saudações ao povo Argentino.
O Sr. Secretário transmite à Washington dizendo que o desembarque de tropas Estadunidenses foi realizado com sucesso. Todas as instalações militares quer sejam do Exército ou da Armada Imperial Brasileira estão sendo ocupados no Rio de Janeiro em nome do Governo dos Estados Unidos da América. Cessaram todas as resistências e o General Floriano Peixoto começa a formar um governo aliado.
No Palácio Imperial, Suas Majestades são informadas do resultado das operações do dia. O oficial naval de maior longevidade dirige-se a ao Imperador do Brasil nesses termos, de acordo com os relatos do Embaixador Britânico presente na sala:
Vossa Majestade foi o primeiro dos Brasileiros e agora o último. As mais valorosas tradições do Império do Brasil iniciadas por vossa augusta família desse 1808 foram derrotadas pelas forças da traição, da infâmia e da malignidade. O próprio nome desse país, um dia chamado de Brasil, seguindo as tradições Reais e Imperiais, não se aplica mais. O nome pode continuar sendo usado, mas será de forma indevida pois que não tem mais significado histórico nenhum. Com Vossa Majestade se encerram quase 90 anos da História valorosa do Brasil. Não mais existe esse país chamado de Brasil. Que Deus salve e guarde Vossa Majestade Imperial do Brasil Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon, assim como, vossa augusta Família. Adeus!
Epílogo
Os últimos anos de vida de Dom Pedro II foram vividos em Paris com extrema dificuldade até mesmo para pagar as contas do hotel em que vivia só.
Num dia muito frio em Paris, com os termômetros marcando abaixo de -5 graus Celsius, Dom Pedro insistiu em sair, a despeito dos esforços do dono do Hotel e de seus empregados, que o tratavam com muita deferência e respeito, tentando dissuadi-lo do contrário. Alegando um compromisso inadiável, ele saiu assim mesmo. Já eram quase 10 da noite daquele dia e Dom Pedro II ainda não tinha retornado, o que fez com que o dono do hotel mandasse chamar às pressas sua filha a Princesa Isabel e um médico.
Logo em seguida, passado um pouco depois das dez, chega o Imperador ensopado em suor, com a casaca em desalinho e mancando. Seu rosto estava vermelho ressaltando os olhos lacrimejantes e tiritando de frio. Um empregado exclamou: por Deus, por onde esteve Vossa Majestade, estávamos muito preocupados?
Imediatamente, carregaram o Imperador para o quarto e encheram a banheira com água fervendo, despiram-no e quando ele entrava no banho o dono do hotel pode ver seus pés num tom todo preto subindo pelas canelas e os dedos das mãos extremamente arroxeados. Ele o recriminou, inquirindo-o: por que o senhor fez isso...? O imperador não respondeu e sentou-se na banheira fervendo. Em seguida, de cabeça baixa e olhando de lado, retrucou em voz embargada: isso vai passar! Tudo passa!
Depois do banho, o Imperador começou a tiritar de frio e quase em convulsões foi enrolado em mantas e cobertores, colocando-se a temperatura do aquecedor do quarto no máximo. O médico veio examiná-lo e depois confidenciou a sua filha: Sua Majestade passou o dia inteiro perambulando pelas ruas de Paris com essa temperatura extremamente baixa. A Princesa, chorando, replicou: É, ele costuma passar os dias andando pela cidade sem destino. O médico arrematou: Seu pai está com alto grau de hipotermia e provavelmente não sobreviverá a essa noite”.
Em algumas horas Dom Pedro II entrou em estado de coma falecendo antes do amanhecer. A família reunida no saguão do hotel emitiu a seguinte nota:
Essa casa Imperial sente informar que nessa madrugado do dia 5 de dezembro de 1891, faleceu na cidade de Paris Sua Majestade Imperial do Brasil. Que Deus o tenha e a sua Alma! Deus Salve o Brasil!
Pelo Professor Ricardo Gomes Rodrigues
São Carlos, SP, Brasil
12 de fevereiro de 2021
A Geopolítica do Brasil no Século XIX e a Marinha Imperial como Arma Estratégica








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